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25/03/2025
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9 min de leitura
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Cannabis x Opioides: Comparação de eficácia, segurança e riscos no tratamento da dor

Composição mostrando plantas de cannabis medicinal, óleo de CBD em frasco âmbar, estetoscópio médico e diversos medicamentos sobre superfície.
  • A cannabis medicinal é uma alternativa mais segura aos opioides no tratamento da dor crônica. Os canabinoides interagem com o sistema endocanabinoide, modulando a dor de forma eficaz, com menor risco de dependência e efeitos colaterais graves, permitindo até a redução da dose de opioides.
  • Os opioides são altamente eficazes, mas apresentam alto risco de dependência e overdose. Eles agem nos receptores µ-opioides do sistema nervoso central, proporcionando alívio intenso da dor, mas com rápida tolerância, exigindo doses cada vez maiores, o que aumenta o risco de abuso e morte por depressão respiratória.
  • A crise dos opioides é um problema global de saúde pública. O uso excessivo e indiscriminado desses medicamentos levou a uma epidemia de dependência e mortes por overdose, especialmente nos EUA e Canadá, com destaque para o impacto do fentanil e outros opioides sintéticos.
  • Estudos indicam que a cannabis pode reduzir a necessidade de opioides. Pesquisas mostram que pacientes que utilizam cannabis para dor crônica frequentemente diminuem o consumo de opioides, reduzindo o risco de dependência e os efeitos adversos associados a essas substâncias.
  • A cannabis medicinal tem um perfil de segurança mais favorável. Enquanto os opioides podem causar sedação intensa, depressão respiratória e abstinência severa, a cannabis pode ocasionar efeitos leves, como boca seca e sonolência, sem risco fatal, tornando-se uma alternativa viável para o manejo da dor.

A dor crônica é um dos sintomas mais debilitantes vivenciados tanto por pacientes oncológicos quanto por pessoas com outras condições graves, sendo frequentemente tratada com opioides. Embora eficazes, esses medicamentos apresentam alto potencial de dependência e efeitos colaterais graves, o que estimula a busca por terapias mais seguras.

Nesse cenário, a cannabis medicinal vem ganhando destaque como alternativa promissora. Suas propriedades analgésicas e anti-inflamatórias podem fornecer um perfil de segurança mais favorável, reduzindo os riscos relacionados ao uso prolongado de analgésicos opiáceos.

A comparação entre o uso de cannabis e opioides no manejo da dor envolve diversos aspectos, como eficácia analgésica, mecanismo de ação, perfil de efeitos colaterais e risco de dependência.

Antes de explorarmos essas diferenças, é fundamental compreender a chamada “crise dos opioides” – um problema de saúde pública que ilustra os riscos associados ao uso indiscriminado dessas substâncias.

O que é a crise dos opioides?

Trata-se de um fenômeno de saúde pública marcado pelo aumento expressivo no uso indevido, pela dependência e pelas mortes por overdose de medicamentos opioides – tanto aqueles prescritos quanto os ilícitos.

Embora esse problema tenha se originado principalmente em países como Estados Unidos e Canadá, ele tem preocupado autoridades de diversas partes do mundo.

Os opioides apresentam alto potencial de dependência. Com o uso contínuo, o organismo desenvolve tolerância, exigindo doses cada vez maiores para produzir o mesmo efeito analgésico.

Além disso, o excesso de prescrições contribuiu para que esses medicamentos fossem desviados para uso recreativo ou mesmo para a venda ilegal, ampliando ainda mais o problema.

A crise resultou em centenas de milhares de mortes por overdose, sobretudo envolvendo fentanil e outras substâncias sintéticas ainda mais potentes.

Apesar de alguns países já terem alcançado progressos na redução de prescrições abusivas e no tratamento de pessoas afetadas, a crise dos opioides permanece um desafio global.

Comparação entre o uso de cannabis e opioides

1.Mecanismo de Ação

Na farmacologia, o termo mecanismo de ação refere-se à interação bioquímica específica por meio da qual uma substância produz seu efeito farmacológico. Geralmente, esse mecanismo envolve um alvo molecular específico ao qual a droga se liga, como uma enzima ou um receptor celular.

  • Opioides: Atuam nos receptores opioides, especialmente nos μ-opioides, localizados no cérebro e na medula espinhal. Essa ligação bloqueia a percepção da dor e promove uma analgesia intensa.
  • Cannabis: Os canabinoides, como THC e CBD, interagem com o sistema endocanabinoide, modulando a percepção da dor. Esse efeito ocorre principalmente pela ativação dos receptores CB1 (presentes no sistema nervoso central) e CB2 (localizados no sistema imunológico e periférico).

Enquanto os opioides agem primariamente em receptores µ (mu) no sistema nervoso central, os fitocanabinoides (especialmente THC e CBD) atuam nos receptores CB1 e CB2, modulando dor, inflamação e outras funções fisiológicas.

Essa diferença de mecanismos pode potencializar o alívio de dor quando ambas as classes são utilizadas simultaneamente, reduzindo a dose necessária de opioides.

2.Eficácia no controle da dor

O controle da dor pode ser realizado por meio de diversas abordagens, incluindo medicamentos, fisioterapia, massagens, compressas e outras terapias complementares.

A eficácia do tratamento varia de acordo com fatores como o tipo de dor, a resposta individual do paciente e a combinação adequada dessas estratégias.

  • Opioides: São altamente eficazes no alívio de dores agudas e intensas, como aquelas decorrentes de cirurgias ou do câncer. No entanto, o uso prolongado pode levar à tolerância, exigindo doses cada vez maiores para manter o efeito analgésico, além do risco significativo de dependência.
  • Cannabis: Mostra-se eficaz no tratamento de dores neuropáticas, inflamatórias e crônicas, oferecendo alívio com menor risco de tolerância e dependência em comparação aos opioides. Seu efeito está associado à regulação do sistema endocanabinoide, modulando a percepção da dor sem causar os mesmos efeitos adversos dos opiáceos.

3. Efeitos colaterais e segurança

O desenvolvimento de um medicamento busca, essencialmente, comprovar sua eficácia e garantir sua segurança. Contudo, o conceito de segurança é relativo, pois qualquer substância pode ser benéfica ou prejudicial a depender da dose e do perfil do paciente.

Nesse contexto, a margem de segurança indica a distância entre a dose geralmente eficaz e aquela que pode provocar efeitos colaterais graves ou mesmo colocar a vida em risco.

O efeito colateral é qualquer resposta do organismo a um medicamento que não faz parte do objetivo principal do tratamento. Ele pode ocorrer mesmo quando a substância é administrada corretamente, em doses terapêuticas, ou seja, dentro das quantidades recomendadas para tratar uma condição específica.

Tipos de efeitos colaterais:

  • Adversos: Ocorrem quando geram prejuízo ao paciente, como náuseas decorrentes de antibióticos, sonolência excessiva provocada por anti-histamínicos ou o risco de dependência associado ao uso prolongado de opioides.
  • Benéficos: Em alguns casos, um efeito não intencional pode trazer benefícios. Certos antidepressivos, por exemplo, além de tratarem a depressão, podem aliviar dores neuropáticas.

A intensidade dos efeitos colaterais varia conforme o indivíduo, a dose administrada e possíveis interações com outros medicamentos.

Comparação dos efeitos colaterais: Opioides x Cannabis

  • Opioides: Possuem riscos elevados de sedação, depressão respiratória, dependência e overdose, sendo uma das principais causas da crise de opioides em diversos países.
  • Cannabis: Pode causar sonolência, boca seca e tontura, mas não apresenta risco significativo de depressão respiratória fatal, tornando-se uma alternativa potencialmente mais segura em comparação aos opioides.

4. Dependência e tolerância

Ao longo do uso contínuo de certos medicamentos, como opioides e outros agentes que atuam no sistema nervoso central, podem surgir dois fenômenos importantes: tolerância e dependência. Embora estejam relacionados, possuem diferenças fundamentais.

  • Tolerância

A tolerância ocorre quando o organismo se adapta ao medicamento, reduzindo sua eficácia ao longo do tempo. Isso significa que, para obter o mesmo efeito terapêutico, é necessário aumentar a dose gradualmente.

  • Dependência

A dependência ocorre quando o organismo se torna fisiologicamente adaptado ao medicamento, resultando em sintomas de abstinência quando o uso é reduzido ou interrompido.

Resumindo:

  • Os Opioides: Apresentam rápida tolerância e alto potencial de dependência, o que pode levar ao uso excessivo e à crise de overdose observada em diversos países.
  • A Cannabis: Embora possa levar a tolerância em alguns casos, seu risco de dependência é consideravelmente menor do que o dos opioides e não está associado a sintomas graves de abstinência física.

Os opioides continuam sendo fundamentais para o tratamento de dores intensas e agudas, mas apresentam riscos consideráveis. Já a cannabis medicinal surge como uma alternativa ou complemento para casos de dor crônica, inflamatória e neuropática, com um perfil de segurança mais favorável.

A decisão entre os dois tratamentos deve ser feita sob supervisão médica, considerando a condição do paciente e o equilíbrio entre benefícios e riscos.

Quais pesquisas ou estudos clínicos que apoiam o uso da cannabis sobre os opioides no tratamento da dor?

Há uma série de estudos e revisões científicas que investigam o uso de cannabis no tratamento da dor. Abaixo, apresentamos algumas referências e achados relevantes:

1. Revisões e análises gerais

2. Estudos sobre redução do uso de opioides

Embora ainda sejam necessários mais ensaios clínicos de longo prazo e com amostras maiores, alguns trabalhos já sugerem benefícios da cannabis ou de seus derivados para o manejo da dor crônica, bem como uma redução no uso (e, consequentemente, nos riscos) dos opioides.

Para obter acesso seguro e legal a tratamentos à base de cannabis e opioides, os pacientes devem contar com a orientação de um profissional de saúde especializado que possa avaliar o quadro clínico e indicar a terapia mais adequada. Tanto os opioides quanto a cannabis medicinal exigem prescrição médica.

O uso responsável dessas substâncias envolve seguir rigorosamente as recomendações médicas e evitar qualquer alteração, compartilhamento ou interrupção do tratamento sem supervisão profissional.

A cannabis medicinal pode contribuir para uma melhora na qualidade de vida dos pacientes que sofrem com dores crônicas ao reduzir a intensidade da dor e, em alguns casos, permitir menor uso de opioides.

Além da ação analgésica e anti-inflamatória, alguns estudos apontam que os canabinoides podem auxiliar no controle de sintomas como ansiedade, insônia e náuseas, problemas comuns em pacientes submetidos a tratamentos oncológicos ou que lidam com dores de difícil manejo.

Essa combinação de alívio da dor e melhor controle de sintomas emocionais e físicos pode resultar em maior bem-estar e, consequentemente, em uma melhor qualidade de vida.

Entretanto, é imprescindível que o uso da cannabis seja orientado por um profissional de saúde, com dose e formulação adequadas, para garantir segurança e eficácia, além de respeitar as legislações e normativas em vigor.

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