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18/12/2025
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8 min de leitura
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A contribuição do CBD no manejo da Doença de Parkinson

A Doença de Parkinson é um distúrbio neurológico que afeta principalmente o controle dos movimentos. Geralmente surge após os 60 anos e provoca sintomas característicos, como tremores, rigidez muscular, lentidão para iniciar e executar movimentos e dificuldades de equilíbrio. No entanto, seus efeitos vão além da parte motora: muitos pacientes também enfrentam ansiedade, distúrbios do sono, dores, constipação intestinal e até queda da pressão arterial, o que impacta significativamente a qualidade de vida.

Embora o tratamento tradicional ajude a aliviar os sintomas, ele não impede a progressão da doença, motivo pelo qual cresce o interesse por terapias complementares. Entre essas alternativas está o canabidiol (CBD), um composto da planta Cannabis sativa que não possui efeito psicoativo e vem sendo cada vez mais estudado por seus potenciais benefícios em diversas condições neurológicas, incluindo o Parkinson.

Idosa sentada no sofá sentindo dor e rigidez na perna, sintomas comuns da Doença de Parkinson
  • A doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo progressivo, marcado por sintomas motores e não motores, sem cura, mas com possibilidades de controle e melhora funcional.
  • Medicamentos como a levodopa aliviam sintomas, porém não interrompem a progressão da doença e podem causar efeitos adversos ao longo do tempo, como discinesias.
  • O canabidiol apresenta propriedades neuroprotetoras, anti-inflamatórias e ansiolíticas, com evidências de melhora em ansiedade, sono, dor, sintomas psicóticos e movimentos involuntários.
  • O CBD não substitui o tratamento tradicional e deve ser utilizado com acompanhamento médico, considerando dose, tipo de extrato e possíveis interações medicamentosas.

O que é a Doença de Parkinson?

A Doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo de evolução lenta que compromete áreas específicas do cérebro responsáveis pelo controle motor. Entre suas principais manifestações estão o tremor de repouso, a rigidez muscular, a lentidão dos movimentos voluntários (bradicinesia) e a dificuldade de manter o equilíbrio (instabilidade postural). Em muitos pacientes, podem ocorrer ainda alterações cognitivas, e alguns desenvolvem quadros de demência ao longo da progressão da doença¹.

A doença tem como causa primária a redução progressiva da produção de dopamina, neurotransmissor essencial para a coordenação dos movimentos e para funções como caminhar, escrever e falar. Trata-se da segunda condição neurodegenerativa mais comum no mundo, afetando cerca de 11 milhões de pessoas em escala global².

Quais são as causas da Doença de Parkinson?

Ainda não se conhece a causa exata da Doença de Parkinson. Contudo, pesquisas indicam que uma combinação de fatores genéticos, ambientais e relacionados ao envelhecimento cerebral pode contribuir para o desenvolvimento da condição.

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Entre os principais fatores de risco estudados, destacam-se:

  • Genética: determinadas mutações genéticas foram identificadas em casos familiares, embora a maior parte dos diagnósticos não seja hereditária. Estudos indicam que cerca de 10% a 25% das pessoas com Parkinson possuem parentes afetados pela doença³.
  • Idade: o risco aumenta progressivamente com o envelhecimento. A maioria dos casos ocorre após os 55 anos.
  • Fatores ambientais: exposição a pesticidas, solventes, água de poço, além de traumas cranianos repetitivos, pode contribuir para o surgimento da doença. Certos medicamentos, como alguns utilizados para epilepsia, também estão associados a risco aumentado.
  • Aspectos emocionais: embora menos estudados, traumas emocionais podem desempenhar papel no desencadeamento de doenças neurodegenerativas, incluindo o Parkinson.

Tratamento farmacológico da Doença de Parkinson

No tratamento farmacológico da Doença de Parkinson, a principal estratégia consiste na administração de precursores da dopamina, especialmente a levodopa (L-DOPA). Esses medicamentos costumam oferecer boa resposta inicial, mas, ao longo do tempo, muitos pacientes passam a apresentar redução do efeito terapêutico, o que leva ao surgimento de reações adversas importantes.

Entre esses efeitos indesejados destaca-se a discinesia tardia, um tipo de distúrbio extrapiramidal que pode acometer 10% a 30% dos pacientes em uso crônico de antipsicóticos, sendo sua prevalência maior em pessoas mais velhas⁴.

Existe cura para a Doença de Parkinson?

Atualmente, não existe cura para a Doença de Parkinson. No entanto, a condição pode e deve ser tratada, tanto para aliviar os sintomas quanto para retardar sua progressão. Uma das principais barreiras para a cura está no próprio funcionamento do cérebro humano: ao contrário de outras partes do corpo, as células nervosas não se regeneram. Assim, quando ocorre a morte dos neurônios produtores de dopamina na substância negra, não há como repô-los⁵.

Mesmo sem cura, existem diversas estratégias terapêuticas eficazes. A medicina dispõe de medicamentos, procedimentos cirúrgicos (como a estimulação cerebral profunda), além de fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia. Esses recursos não impedem a progressão da doença, mas atuam diretamente nos sintomas, contribuindo para melhora funcional, autonomia e qualidade de vida.

O uso do canabidiol (CBD) no tratamento da doença de Parkinson

Os fitocanabinoides presentes na planta Cannabis sativa, como o tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), têm demonstrado amplo potencial terapêutico em estudos pré-clínicos e clínicos. Ambos são associados a efeitos neuroprotetores e anti-inflamatórios, características particularmente relevantes diante de processos como neuroinflamação e estresse oxidativo, que desempenham papel central na progressão da Doença de Parkinson (DP).

Pesquisas sugerem que tanto o THC quanto o CBD podem ajudar a reduzir a neuroinflamação e a proteger os neurônios dopaminérgicos, contribuindo para melhor controle dos sintomas motores. Além disso, a nabilona — um canabinoide sintético estruturalmente semelhante ao THC — demonstrou eficácia na redução da discinesia induzida por L-DOPA em pacientes com DP, conforme evidenciado no ensaio clínico randomizado e duplo-cego de Sieradzan et al. (2001)⁵.

Uma metanálise conduzida por Júnior et al. (2020) reforçou esses achados ao demonstrar que o CBD e outros canabinoides apresentam efeitos positivos no controle da discinesia induzida por L-DOPA, corroborando evidências anteriores sobre o papel dos canabinoides nesse contexto terapêutico⁶.

Em um estudo brasileiro conduzido por Zuardi et al. (2009), o CBD isolado mostrou benefícios adicionais: pacientes com DP e sintomas psicóticos apresentaram melhora significativa após o uso da substância, incluindo reduções nas manifestações psicóticas e melhora nas pontuações da Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS), sem efeitos adversos relevantes⁷.

Outra pesquisa da Universidade de São Paulo, realizada no mesmo ano, também evidenciou resultados positivos. Pacientes que receberam 150 mg/dia de CBD, associado à terapia convencional, apresentaram redução expressiva dos sintomas psicóticos, sem piora da função motora⁸. Ensaios clínicos realizados posteriormente têm confirmado esse perfil promissor.

Além disso, estudos recentes indicam que o uso de cannabis pode melhorar a qualidade de vida de pessoas com DP, auxiliando no alívio de sintomas como tremores, rigidez muscular e distúrbios do sono. Um estudo publicado no Journal of Clinical Pharmacy and Therapeutics mostrou que o CBD reduziu significativamente os sintomas do distúrbio comportamental do sono REM (RBD) — condição frequentemente associada à doença.

Quais benefícios o CBD pode trazer para quem tem Parkinson?

Embora o canabidiol (CBD) não represente uma cura para a Doença de Parkinson, estudos e relatos clínicos indicam que ele pode ser um importante aliado no manejo diário dos sintomas. Seus efeitos variam de pessoa para pessoa, mas alguns benefícios já observados incluem:

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1. Melhora da ansiedade e do bem-estar emocional

A ansiedade é um sintoma frequente na DP e pode intensificar tremores, rigidez e dificuldade motora. O CBD tem propriedades ansiolíticas que podem promover uma sensação de calma, reduzir pensamentos acelerados e proporcionar maior estabilidade emocional, o que impacta positivamente a rotina do paciente.

  1. Sono mais profundo e reparador

Problemas de sono, como insônia e despertares frequentes, são comuns entre pessoas com Parkinson. O CBD pode auxiliar no relaxamento e melhorar a qualidade do sono, permitindo noites mais tranquilas e maior disposição durante o dia.

  1. Redução de dor e rigidez muscular

Sintomas como dores musculares, câimbras e rigidez impactam diretamente a capacidade de realizar tarefas simples. O CBD pode atuar como analgésico natural e agente relaxante, proporcionando melhora da mobilidade e facilitando atividades cotidianas.

  1. Atenuação do desconforto emocional

Além da ansiedade, muitos pacientes convivem com alterações de humor, irritabilidade e sensação de isolamento. O CBD apresenta potencial para regular o humor, favorecer o bem-estar e contribuir para uma melhor qualidade de vida.

5. Possível redução de movimentos involuntários (discinesias)

Em pacientes que utilizam levodopa por longos períodos, é comum o surgimento de movimentos involuntários, chamados discinesias. Algumas pesquisas apontam que o CBD pode diminuir a intensidade desses movimentos, ajudando o paciente a se sentir mais confortável e funcional.

O CBD substitui o tratamento tradicional?

Não. O canabidiol é uma terapia complementar, utilizada para potencializar o tratamento indicado pelo neurologista, e não para substituí-lo. Ele não dispensa o uso de medicamentos consagrados, como a levodopa, que continuam sendo a base do manejo clínico da Doença de Parkinson.

O CBD pode, porém, ajudar a controlar sintomas que nem sempre respondem bem aos tratamentos convencionais, como ansiedade, distúrbios do sono, dor, rigidez e, em alguns casos, movimentos involuntários.

Para garantir segurança e eficácia, o uso deve ser acompanhado por um médico capacitado em cannabis medicinal, que avaliará:

  • a dose mais adequada,
  • o tipo de extrato (full spectrum, broad spectrum ou isolado),
  • a forma de administração,
  • e o melhor horário para uso conforme a necessidade do paciente.

O CBD é seguro?

De modo geral, o CBD é considerado seguro e bem tolerado pela maioria das pessoas. Seus efeitos colaterais, quando aparecem, tendem a ser leves e temporários. Entre os mais comuns estão:

  • sonolência,
  • alterações no apetite,
  • desconforto gastrointestinal,
  • fadiga leve,
  • boca seca.

Apesar de seu bom perfil de segurança, o CBD pode interagir com alguns medicamentos, incluindo fármacos frequentemente utilizados no tratamento da Doença de Parkinson. Essas interações podem alterar a ação dos remédios ou potencializar efeitos indesejados.

Por isso, o uso do CBD deve ser sempre conduzido com acompanhamento médico, preferencialmente por um profissional com experiência em cannabis medicinal, que avaliará a dose, o tipo de extrato e a combinação com outros tratamentos.

Considerações finais

O canabidiol (CBD) surge como uma alternativa complementar capaz de ampliar o cuidado oferecido às pessoas com Doença de Parkinson. Embora não interrompa a progressão da enfermidade, ele pode ajudar a aliviar sintomas que impactam o bem-estar e a rotina dos pacientes. Quando utilizado com acompanhamento médico especializado e integrado ao tratamento convencional, o CBD representa uma opção segura e promissora para melhorar a qualidade de vida.

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