- O extrato padronizado VER-01 de Cannabis sativa reduziu significativamente a intensidade da dor lombar crônica, com melhora média de 1,9 pontos na fase inicial e até 2,9 pontos após uso contínuo.
- Efeitos adversos leves a moderados (tontura, sonolência, boca seca, náusea) foram comuns no início, mas temporários e sem necessidade de ajuste de dose.
- Não houve sinais de tolerância, abstinência ou necessidade de aumento progressivo da dose — indicando baixo potencial de vício.
- O alívio da dor e a melhora funcional se mantiveram por até 12 meses; a interrupção do tratamento levou à piora da dor, reforçando o efeito terapêutico.
- O estudo, publicado na Nature Medicine (2025), sugere que canabinoides padronizados são alternativa segura e eficaz aos opioides e AINEs para manejo de dor crônica.
Entenda o ensaio clínico
O estudo que comprovou os benefícios do extrato de Cannabis sativa no tratamento da dor lombar crônica foi conduzido por pesquisadores da Hannover Medical School, na Alemanha, e é considerado um dos ensaios clínicos mais robustos já realizados sobre o tema.
Trata-se de um ensaio clínico multicêntrico, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, de fase 3, intitulado “Full-spectrum extract from Cannabis sativa DKJ127 for chronic low back pain: a phase 3 randomized placebo-controlled trial”.
O trabalho foi publicado na revista científica Nature Medicine em 29 de setembro de 2025, consolidando-se como uma das pesquisas mais abrangentes sobre o uso medicinal da cannabis no manejo da dor crônica.
A investigação envolveu 820 adultos com dor lombar crônica, definida como dor persistente por pelo menos três meses. Entre os participantes, 394 receberam o extrato de cannabis (VER-01) e 426 receberam placebo — uma substância sem efeito terapêutico utilizada para comparação dos resultados e validação da eficácia do tratamento.
Como o estudo foi conduzido
O protocolo foi dividido em quatro etapas:
- Fase A (12 semanas): período duplo-cego em que nem os pacientes nem os pesquisadores sabiam quem recebia o extrato ou o placebo.
- Fase B (6 meses): extensão aberta, em que todos os participantes receberam o tratamento ativo.
- Fase C (mais 6 meses): continuação do uso do extrato, com acompanhamento prolongado.
- Fase D: fase de retirada, na qual parte dos pacientes foi transferida novamente para o placebo para avaliar o tempo até a perda do efeito terapêutico.
Resultados principais
O desfecho primário do estudo foi a mudança na intensidade média da dor, medida por uma escala numérica (NRS).
Na Fase A, o grupo que recebeu o extrato VER-01 apresentou redução média de 1,9 pontos na intensidade da dor, enquanto o grupo placebo teve melhora menor. A diferença entre os grupos foi de –0,6 pontos, considerada estatisticamente significativa (P < 0,001).
Na Fase B, com o uso contínuo, a dor reduziu ainda mais — cerca de 2,9 pontos em média — e esse efeito se manteve ao longo da Fase C.
O estudo também avaliou um subgrupo de pacientes com dor neuropática, caracterizada por sintomas como formigamento e queimação. Nesses casos, o extrato de cannabis reduziu o escore de sintomas em 14,4 pontos, em comparação com o placebo (diferença média = –7,3 pontos; P = 0,017).
Na Fase D, os pesquisadores avaliaram os efeitos da interrupção do tratamento para verificar se o alívio da dor se mantinha após a suspensão do extrato.
Observou-se que os pacientes que voltaram a receber placebo apresentaram um aumento expressivo na intensidade da dor, o que reforça que o efeito analgésico estava diretamente associado ao uso contínuo do extrato de Cannabis sativa.
Segurança e dependência
Durante o estudo, os pesquisadores também avaliaram cuidadosamente a segurança e o potencial de dependência do extrato de Cannabis sativa.
Os eventos adversos foram um pouco mais frequentes entre os participantes que receberam o extrato VER-01 (83,3%), em comparação ao grupo placebo (67,3%), durante a fase A.
No entanto, a maioria desses efeitos foi leve a moderada e de curta duração, desaparecendo espontaneamente com o tempo.
Os sintomas mais relatados incluíram tontura, sonolência, boca seca e náusea, especialmente nas primeiras semanas de tratamento — reações típicas e esperadas em terapias com canabinoides.
Um ponto de destaque é que não foram observados sinais de dependência, tolerância ou síndrome de abstinência, mesmo após a interrupção abrupta do tratamento.
Além disso, os pesquisadores notaram que não houve necessidade de aumentar as doses ao longo do tempo, o que reforça a ausência de tolerância farmacológica e a segurança do uso prolongado do extrato.
Esses resultados indicam que o VER-01 apresenta um perfil de segurança favorável, com efeitos colaterais previsíveis e controláveis, sem indícios de risco de vício — uma vantagem importante em comparação a analgésicos opioides comumente utilizados em dores crônicas.
Considerações finais
O estudo demonstra que o extrato VER-01, derivado da Cannabis sativa, reduz de forma clinicamente significativa a dor lombar crônica, promovendo também melhora na função física e na qualidade do sono, sem apresentar sinais de dependência mesmo após 12 meses de acompanhamento.
Esses resultados abrem caminho para novas estratégias no manejo da dor crônica, baseadas em canabinoides padronizados e de uso controlado, representando uma alternativa promissora aos tratamentos convencionais com opioides e anti-inflamatórios.
Ainda assim, os autores ressaltam a importância de replicar e ampliar as pesquisas, incluindo estudos comparativos com terapias já existentes e avaliações de segurança em longo prazo, para consolidar o papel terapêutico da cannabis medicinal no controle da dor crônica.

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