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24/10/2025
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4 min de leitura
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Estudo mostra eficácia da cannabis no tratamento da dor lombar crônica

A dor lombar crônica é reconhecida como um dos maiores desafios de saúde pública no mundo. Estima-se que ela afete mais de meio bilhão de pessoas globalmente e figure entre as principais causas de incapacidade funcional e afastamento do trabalho.

Os tratamentos hoje disponíveis têm limitações sérias: anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) usados por longos períodos elevam o risco cardiovascular e gastrointestinal, e os opioides, embora eficazes para analgesia, carregam alto potencial viciante e efeitos adversos graves.

Um avanço promissor foi reportado recentemente: um extrato padronizado e de espectro completo da espécie Cannabis sativa mostrou eficácia na redução da dor lombar crônica, sem evidência de dependência ou síndrome de abstinência em pacientes seguidos por quase um ano.

Fisioterapeuta examinando paciente com dor lombar crônica em ambiente clínico.
  • O extrato padronizado VER-01 de Cannabis sativa reduziu significativamente a intensidade da dor lombar crônica, com melhora média de 1,9 pontos na fase inicial e até 2,9 pontos após uso contínuo.
  • Efeitos adversos leves a moderados (tontura, sonolência, boca seca, náusea) foram comuns no início, mas temporários e sem necessidade de ajuste de dose.
  • Não houve sinais de tolerância, abstinência ou necessidade de aumento progressivo da dose — indicando baixo potencial de vício.
  • O alívio da dor e a melhora funcional se mantiveram por até 12 meses; a interrupção do tratamento levou à piora da dor, reforçando o efeito terapêutico.
  • O estudo, publicado na Nature Medicine (2025), sugere que canabinoides padronizados são alternativa segura e eficaz aos opioides e AINEs para manejo de dor crônica.

Entenda o ensaio clínico

O estudo que comprovou os benefícios do extrato de Cannabis sativa no tratamento da dor lombar crônica foi conduzido por pesquisadores da Hannover Medical School, na Alemanha, e é considerado um dos ensaios clínicos mais robustos já realizados sobre o tema.

Trata-se de um ensaio clínico multicêntrico, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, de fase 3, intitulado “Full-spectrum extract from Cannabis sativa DKJ127 for chronic low back pain: a phase 3 randomized placebo-controlled trial”.

O trabalho foi publicado na revista científica Nature Medicine em 29 de setembro de 2025, consolidando-se como uma das pesquisas mais abrangentes sobre o uso medicinal da cannabis no manejo da dor crônica.

A investigação envolveu 820 adultos com dor lombar crônica, definida como dor persistente por pelo menos três meses. Entre os participantes, 394 receberam o extrato de cannabis (VER-01) e 426 receberam placebo — uma substância sem efeito terapêutico utilizada para comparação dos resultados e validação da eficácia do tratamento.

Como o estudo foi conduzido

O protocolo foi dividido em quatro etapas:

  • Fase A (12 semanas): período duplo-cego em que nem os pacientes nem os pesquisadores sabiam quem recebia o extrato ou o placebo.
  • Fase B (6 meses): extensão aberta, em que todos os participantes receberam o tratamento ativo.
  • Fase C (mais 6 meses): continuação do uso do extrato, com acompanhamento prolongado.
  • Fase D: fase de retirada, na qual parte dos pacientes foi transferida novamente para o placebo para avaliar o tempo até a perda do efeito terapêutico.

Resultados principais

O desfecho primário do estudo foi a mudança na intensidade média da dor, medida por uma escala numérica (NRS).

Na Fase A, o grupo que recebeu o extrato VER-01 apresentou redução média de 1,9 pontos na intensidade da dor, enquanto o grupo placebo teve melhora menor. A diferença entre os grupos foi de –0,6 pontos, considerada estatisticamente significativa (P < 0,001).

Na Fase B, com o uso contínuo, a dor reduziu ainda mais — cerca de 2,9 pontos em média — e esse efeito se manteve ao longo da Fase C.

O estudo também avaliou um subgrupo de pacientes com dor neuropática, caracterizada por sintomas como formigamento e queimação. Nesses casos, o extrato de cannabis reduziu o escore de sintomas em 14,4 pontos, em comparação com o placebo (diferença média = –7,3 pontos; P = 0,017).

Na Fase D, os pesquisadores avaliaram os efeitos da interrupção do tratamento para verificar se o alívio da dor se mantinha após a suspensão do extrato.

Observou-se que os pacientes que voltaram a receber placebo apresentaram um aumento expressivo na intensidade da dor, o que reforça que o efeito analgésico estava diretamente associado ao uso contínuo do extrato de Cannabis sativa.

Segurança e dependência

Durante o estudo, os pesquisadores também avaliaram cuidadosamente a segurança e o potencial de dependência do extrato de Cannabis sativa.

Os eventos adversos foram um pouco mais frequentes entre os participantes que receberam o extrato VER-01 (83,3%), em comparação ao grupo placebo (67,3%), durante a fase A.

No entanto, a maioria desses efeitos foi leve a moderada e de curta duração, desaparecendo espontaneamente com o tempo.

Os sintomas mais relatados incluíram tontura, sonolência, boca seca e náusea, especialmente nas primeiras semanas de tratamento — reações típicas e esperadas em terapias com canabinoides.

Um ponto de destaque é que não foram observados sinais de dependência, tolerância ou síndrome de abstinência, mesmo após a interrupção abrupta do tratamento.

Além disso, os pesquisadores notaram que não houve necessidade de aumentar as doses ao longo do tempo, o que reforça a ausência de tolerância farmacológica e a segurança do uso prolongado do extrato.

Esses resultados indicam que o VER-01 apresenta um perfil de segurança favorável, com efeitos colaterais previsíveis e controláveis, sem indícios de risco de vício — uma vantagem importante em comparação a analgésicos opioides comumente utilizados em dores crônicas.

Considerações finais

O estudo demonstra que o extrato VER-01, derivado da Cannabis sativa, reduz de forma clinicamente significativa a dor lombar crônica, promovendo também melhora na função física e na qualidade do sono, sem apresentar sinais de dependência mesmo após 12 meses de acompanhamento.

Esses resultados abrem caminho para novas estratégias no manejo da dor crônica, baseadas em canabinoides padronizados e de uso controlado, representando uma alternativa promissora aos tratamentos convencionais com opioides e anti-inflamatórios.

Ainda assim, os autores ressaltam a importância de replicar e ampliar as pesquisas, incluindo estudos comparativos com terapias já existentes e avaliações de segurança em longo prazo, para consolidar o papel terapêutico da cannabis medicinal no controle da dor crônica.

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