- O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é uma condição mental causada por experiências traumáticas intensas, como abusos, guerras, acidentes ou desastres. Pode comprometer gravemente o bem-estar e a funcionalidade da pessoa.
- Estima-se que cerca de 9% da população terá TEPT em algum momento da vida, com aproximadamente 1% apresentando a forma mais crônica e incapacitante.
- Principais sintomas do TEPT incluem: pesadelos recorrentes, flashbacks, ansiedade intensa, hipervigilância, irritabilidade, isolamento social, humor deprimido e dificuldade de conexão emocional.
- O CBD (canabidiol), composto não psicoativo da Cannabis, tem demonstrado potencial terapêutico para o TEPT. Atua no sistema endocanabinoide, que regula emoções, memória e resposta ao estresse, ajudando a equilibrar essas funções cerebrais.
Eventos traumáticos podem deixar marcas profundas e duradouras na vida de uma pessoa. Em muitos casos, os efeitos são tão intensos e persistentes que comprometem o bem-estar e a funcionalidade do indivíduo, caracterizando o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).
Estima-se que cerca de 9% da população será afetada pelo TEPT em algum momento da vida, incluindo durante a infância. Trata-se de uma condição potencialmente debilitante, que atinge aproximadamente 1% da população mundial de forma mais crônica e incapacitante.
Diante da complexidade e da gravidade do transtorno, diferentes abordagens terapêuticas têm sido estudadas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Nesse cenário, a cannabis medicinal tem ganhado destaque como uma alternativa ou complemento promissor aos tratamentos convencionais.
Para entender melhor o potencial da cannabis no tratamento dessa condição, é importante compreender o que caracteriza o Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
O que é TEPT?
O TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) é uma condição psiquiátrica que pode se desenvolver após a vivência ou o testemunho de eventos extremamente traumáticos. Situações como guerras, acidentes graves, agressões físicas ou sexuais, sequestros, desastres naturais ou provocados pelo homem são frequentemente associadas ao desenvolvimento do transtorno.
Em geral, o TEPT está ligado a experiências que despertam sentimentos intensos de medo, desamparo ou horror — especialmente quando a vida está em risco.
Apesar de dois indivíduos poderem vivenciar o mesmo trauma, apenas um pode desenvolver o transtorno. Não se sabe ao certo por que isso acontece, mas acredita-se que fatores genéticos, emocionais e até o histórico de vida da pessoa possam influenciar essa resposta.
Quais são os sintomas do transtorno do estresse pós-traumático?
A dificuldade em se recuperar após um trauma está frequentemente associada à presença de “gatilhos” emocionais ou sensoriais — estímulos que fazem com que a pessoa reviva o episódio como se ele estivesse acontecendo novamente.
Esses gatilhos podem desencadear pesadelos, lembranças repentinas (flashbacks), crises de ansiedade intensas, reações físicas acentuadas e mudanças no humor.
Entre os sintomas mais comuns do Transtorno de Estresse Pós-Traumático , destacam-se:
- Pesadelos recorrentes ou lembranças intrusivas do trauma;
- Evasão de pessoas, lugares ou situações que remetam ao ocorrido;
- Irritabilidade, hipervigilância e respostas exageradas a estímulos;
- Ansiedade constante e sensação de ameaça iminente;
- Humor deprimido e dificuldade de se conectar emocionalmente com outras pessoas.
Quais são os tipos de TEPT?
Embora o Transtorno de Estresse Pós-Traumático seja considerado um diagnóstico único, ele pode se manifestar de formas distintas. Por isso, especialistas identificam diferentes tipos clínicos, com base nos sintomas predominantes. A seguir, destacamos os principais:
1. TEPT Clássico ou Típico
É a forma mais conhecida do transtorno. Surge após a exposição a um evento traumático, com sintomas como reviver intensamente o trauma por meio de flashbacks, pesadelos e lembranças intrusivas. Também são comuns o estado constante de alerta, irritabilidade, insônia e sustos frequentes.
2. TEPT Complexo
A Organização Mundial da Saúde (OMS), reconhece o Transtorno de Estresse Pós-Traumático complexo (TEPT-C) como uma forma mais grave da condição. Esse subtipo costuma surgir em pessoas que foram expostas a situações traumáticas repetidas e de longa duração, especialmente durante períodos vulneráveis da vida, como a infância.
Além dos sintomas típicos do TEPT, esses indivíduos tendem a apresentar dificuldades mais profundas e persistentes na regulação das emoções, nos relacionamentos interpessoais e na construção da própria identidade. O sofrimento psicológico é mais amplo e afeta diversos aspectos da vida cotidiana, exigindo abordagens terapêuticas ainda mais cuidadosas e integradas.
3. TEPT com início tardio
Nesse caso, os sintomas não surgem logo após o evento traumático, mas apenas semanas, meses ou até anos depois. Isso geralmente acontece quando o trauma foi reprimido ou ignorado, até que alguma situação posterior — especialmente semelhante ou emocionalmente estressante — reativa o sofrimento psíquico ligado ao evento original.
4. Subtipo dissociativo
Além dessas variações, também existe o subtipo dissociativo do TEPT, reconhecido oficialmente pelo DSM-5. Essa apresentação ocorre quando, além dos sintomas já citados, o indivíduo manifesta também sintomas dissociativos, como:
- Despersonalização: sensação de estar fora do próprio corpo, como se estivesse se observando de fora, desconectado de si mesmo.
- Desrealização: percepção do mundo como estranho, irreal, distante ou semelhante a um sonho.
Esses sintomas funcionam como uma forma de defesa psicológica: diante de traumas extremamente intensos, a mente tenta proteger o indivíduo, desligando-se temporariamente da realidade ou da própria identidade.
Quais são os critérios para o diagnóstico de TEPT ?
O diagnóstico do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) pode ser bastante desafiador. Isso porque os sintomas são diversos, muitas vezes sutis, e podem ser facilmente confundidos com outros transtornos mentais. Além disso, o trauma vivido nem sempre é evidente, e muitas pessoas têm dificuldade — ou relutância — em falar sobre suas experiências traumáticas.
Para que o transtorno seja identificado, é necessário que a pessoa tenha passado por uma situação traumática intensa — seja como vítima direta, testemunha, ou por ter conhecimento de algo traumático ocorrido com alguém próximo.
Entre os principais sinais do TEPT, destacam-se:
- Lembranças intrusivas, como pesadelos, pensamentos recorrentes ou flashbacks;
- Evitação de pessoas, lugares ou situações que lembrem o trauma;
- Alterações no humor, como tristeza profunda, sentimento de culpa, isolamento ou dificuldade de sentir prazer;
- Reações exageradas, como irritabilidade, sustos frequentes, insônia e hipervigilância.
Esses sintomas devem estar presentes por mais de um mês e causar prejuízos significativos na vida pessoal, social ou profissional do indivíduo.
CBD e TEPT: Entendendo a Conexão Neurobiológica
O canabidiol (CBD), composto não psicoativo extraído da Cannabis sativa, tem demonstrado um potencial promissor no tratamento de diversos transtornos, incluindo o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Esse transtorno está intimamente relacionado à forma como o cérebro processa, armazena e resgata memórias traumáticas.
O mecanismo de ação do CBD ocorre de maneira indireta sobre o sistema endocanabinoide — um importante sistema de regulação presente em todo o organismo, com destaque para o sistema nervoso central.
Nesse contexto, o sistema endocanabinoide, que atua na regulação das emoções, da memória e das respostas ao estresse, exerce um papel essencial na modulação do medo e na extinção de memórias aversivas. A interação do CBD com esse sistema pode favorecer o reequilíbrio dessas funções, contribuindo para o alívio dos sintomas associados ao TEPT.
Como o canabidiol (CBD) pode ajudar no TEPT?
No contexto do Transtorno de Estresse Pós-Traumático , o CBD tem se mostrado uma alternativa terapêutica promissora, com potencial para atuar em diferentes frentes:
1. Redução de ansiedade e hipervigilância
O CBD possui propriedades ansiolíticas, ajudando a diminuir a ansiedade, o estado constante de alerta e a hipervigilância – sintomas recorrentes em pessoas com TEPT. Ele age nos receptores do sistema endocanabinoide e da serotonina, promovendo uma sensação de calma e segurança.
2. Melhora da qualidade do sono
Pacientes com TEPT frequentemente enfrentam insônia e pesadelos. O CBD pode melhorar a qualidade do sono e reduzir a frequência de sonhos traumáticos, contribuindo para noites mais reparadoras e para a recuperação emocional.
3. Controle de lembranças invasivas
O CBD pode interferir na consolidação e recuperação de memórias emocionais negativas, auxiliando na redução de flashbacks e lembranças traumáticas.
4. Estabilização do humor
Além de controlar a ansiedade, o CBD colabora para regular o humor, amenizando sintomas como irritabilidade, tristeza e dificuldade para lidar com o estresse cotidiano.
5. Equilíbrio emocional
O CBD facilita o processo de extinção do medo — quando o cérebro aprende que um estímulo antes ameaçador já não representa perigo — e atua na regulação da resposta exagerada ao estresse, incluindo sintomas como insônia e sobressaltos.
6. Modulação do Eixo HPA (Hipotálamo-Hipófise-Adrenal)
O CBD pode influenciar a liberação de cortisol, ajudando a equilibrar o eixo HPA, que regula a resposta fisiológica ao estresse.
Além disso, em comparação com certos medicamentos convencionais utilizados no tratamento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático, o CBD apresenta uma menor incidência de efeitos colaterais, o que o torna uma alternativa promissora para determinados perfis de pacientes.
O que dizem os estudos sobre o CBD no tratamento do TEPT
Um exemplo relevante de investigação científica é o estudo intitulado “Canabidiol como forma de tratamento em portadores de estresse pós-traumático de vítimas de violência – revisão integrativa”, publicado na Revista Lumen et Virtus, em São José dos Pinhais, em 25 de outubro de 2024.
Essa pesquisa reuniu evidências sobre o uso do canabidiol (CBD) no tratamento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), com foco especial em indivíduos que vivenciaram traumas decorrentes de situações de violência.
Os resultados indicaram que o CBD possui potencial terapêutico na atenuação de sintomas característicos do TEPT, como ansiedade, insônia, flashbacks e reatividade emocional exacerbada. Apesar dos dados promissores, os autores enfatizam a necessidade de novos estudos clínicos, com amostragens mais amplas e metodologias mais rigorosas, para confirmar a eficácia e a segurança do composto — especialmente em grupos mais vulneráveis, como as vítimas de violência.
Considerações finais
A cannabis medicinal, especialmente por meio do canabidiol (CBD), vem se consolidando como uma alternativa promissora no tratamento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), com destaque para a redução de sintomas como flashbacks, ansiedade, insônia e estados de hipervigilância.
No entanto, seu uso deve ser feito com cautela, sempre sob orientação e acompanhamento de profissionais de saúde qualificados, considerando as particularidades de cada paciente e respeitando os parâmetros legais e éticos estabelecidos.
Quando integrada a abordagens terapêuticas convencionais — como a psicoterapia — e aliada a hábitos de vida saudáveis, a cannabis medicinal pode contribuir de forma significativa para a recuperação emocional de pessoas com TEPT. Mais do que aliviar sintomas, ela pode ajudar na reconstrução da autonomia, na ressignificação das experiências traumáticas e na retomada de uma vida com mais equilíbrio, dignidade e bem-estar.



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