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24/02/2025
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11 min de leitura
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CBD e Epilepsia: uma nova esperança para o controle das crises

Médico avalia ressonância do cérebro, ilustrando pesquisas sobre epilepsia e uso de CBD em crises refratárias.

A epilepsia é uma condição neurológica que afeta milhões de pessoas e, além dos desafios médicos, carrega estigmas que dificultam a vida dos pacientes. Mitos e desinformação reforçam a discriminação, tornando o impacto social da doença ainda mais severo.

Embora crônica, a epilepsia pode ser tratada e, em muitos casos, controlada com medicamentos e educação em saúde. Nesse contexto, o canabidiol (CBD) surge como uma alternativa promissora, especialmente para crises refratárias, trazendo novas perspectivas para pacientes e suas famílias.

  • O CBD é uma opção promissora para epilepsia refratária, sem efeitos psicoativos e com perfil de segurança favorável.
  • A epilepsia envolve crises diversas, demandando tratamentos individualizados para controle eficaz dos sintomas.
  • O CBD atua modulando o sistema endocanabinoide, elevando os níveis de endocanabinoides naturais e reduzindo crises.
  • Evidências científicas robustas, especialmente para síndromes como Dravet e Lennox-Gastaut, apoiam seu uso terapêutico.
  • Uma abordagem multidisciplinar é essencial para o manejo das crises e para combater o estigma social associado à epilepsia.

O que é epilepsia?

A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por crises recorrentes, resultantes de descargas elétricas anormais no cérebro. Essas crises, que geralmente duram de segundos a poucos minutos, ocorrem devido à hiperexcitabilidade e à sincronização excessiva de grupos de neurônios.

As manifestações das crises epilépticas são variadas, indo desde convulsões tônico-clônicas, marcadas por movimentos corporais intensos, até crises de ausência, caracterizadas por uma breve e súbita perda de consciência. Esse comportamento anormal das células cerebrais é responsável pelos diferentes sinais e sintomas observados durante as crises.

Classificação das crises epilépticas

As crises são classificadas em focais ou generalizadas, dependendo de sua origem e do padrão de propagação da atividade anormal no cérebro.

1.Crises focais: As crises focais têm início em uma área específica de um dos lados do cérebro. Os sintomas variam conforme a região cerebral afetada e são divididos em dois tipos principais:

  • Crises focais motoras: Apresentam movimentos anormais em uma parte específica do corpo, como tremores em uma mão ou braço. Esses movimentos podem ser leves ou mais intensos, mas permanecem restritos a uma região corporal.
  • Crises focais não motoras: Não envolvem movimentos visíveis, mas a pessoa pode sentir sensações incomuns ou alterações no pensamento e nas emoções. Exemplos incluem uma sensação repentina de medo ou euforia sem motivo aparente.

2. Crises generalizadas: As crises generalizadas começam em redes neuronais que envolvem ambos os hemisférios cerebrais simultaneamente. Essas crises geralmente causam perda completa de consciência e apresentam manifestações mais amplas, como:

  • Convulsões tônico-clônicas: Movimentos corporais intensos e generalizados.
  • Crises de ausência: Episódios breves de desconexão com o ambiente, sem movimentos evidentes.

O que causa a crise epiléptica?

As causas da epilepsia variam entre os indivíduos. Em alguns casos, a origem é desconhecida, enquanto em outros pode estar ligada a fatores genéticos, traumas cerebrais, distúrbios autoimunes, problemas metabólicos ou infecções.

As crises epilépticas também diferem em suas manifestações. A crise tônico-clônica, conhecida como "convulsão", é facilmente identificável por abalos musculares, salivação excessiva, mordidas na língua e perda de controle urinário ou fecal.

Outras crises, mais sutis, podem passar despercebidas, incluindo olhar fixo, alterações de comportamento e movimentos automáticos.

Como reconhecer os sintomas da epilepsia?

As crises epilépticas apresentam características variadas, dependendo do tipo. Um dos mais conhecidos é a crise tônico-clônica, também chamada de “convulsão”. Esse tipo é facilmente reconhecido, pois envolve abalos musculares generalizados, salivação excessiva (sialorréia), além de possíveis mordidas na língua e perda de controle de urina e fezes.

Outros tipos de crises podem ser mais sutis e passar despercebidos, até mesmo por médicos, familiares ou pelo próprio paciente. Essas manifestações incluem alterações discretas de comportamento, olhar fixo e movimentos automáticos.

Os sintomas da epilepsia também podem incluir:

  • Movimentos involuntários, como espasmos ou tremores localizados.
  • Alterações sensoriais, como formigamento ou problemas visuais e auditivos.
  • Perda de consciência.
  • Perda de tônus muscular.
  • Confusão, desorientação ou cansaço após a crise.

Como é realizado o diagnóstico da epilepsia?

O diagnóstico da epilepsia começa com uma avaliação detalhada do histórico do paciente. Informações sobre o tipo de crises apresentadas, a idade em que os sintomas começaram e a existência de histórico familiar são fundamentais.

Para complementar essa análise, exames como eletroencefalograma, tomografia de crânio e ressonância magnética do cérebro são frequentemente utilizados. Uma identificação precisa da epilepsia e do tipo de crise permite a seleção do tratamento mais adequado para cada caso.

Gatilhos que podem provocar crises epilépticas

  • Estímulos sensoriais: Sons altos, luzes intermitentes, cheiros fortes e padrões visuais repetitivos.
  • Alterações metabólicas e hormonais: Hipoglicemia, desequilíbrios eletrolíticos e flutuações hormonais (como no ciclo menstrual).
  • Hábitos e rotina: Privação de sono, alimentação inadequada, estresse e consumo ou abstinência de álcool/drogas.
  • Febre alta em crianças: Pode desencadear convulsões febris.

Formas de tratamento para a epilepsia

O tratamento da epilepsia geralmente inclui o uso de medicamentos anticonvulsivantes, que ajudam a controlar a atividade cerebral anormal, reduzindo a frequência e a gravidade das crises.

Nos casos em que os medicamentos não oferecem o controle necessário, a neurocirurgia pode ser uma alternativa viável. Quando a cirurgia não é indicada ou não apresenta resultados satisfatórios, outras abordagens podem ser consideradas.

Recentemente, o canabidiol (CBD), um composto derivado da planta cannabis sativa, tem sido utilizado no tratamento da epilepsia com resultados promissores. É importante destacar que o canabidiol não possui efeito psicoativo, sendo considerado seguro para uso em adultos e crianças.

Desafios sociais de viver com epilepsia

Pessoas com epilepsia enfrentam desafios sociais, muitas vezes agravados pelo estigma da condição. O medo do preconceito pode levar ao isolamento, afetando autoestima e bem-estar. Além disso, as crises podem comprometer trabalho e estudos, dificultando a estabilidade financeira e a autonomia.

Nesse cenário, o CBD (canabidiol) desponta como uma alternativa promissora no tratamento da epilepsia, oferecendo esperança para melhorar a qualidade de vida.

O que é canabidiol (CBD)?

O canabidiol (CBD) é um composto encontrado na planta Cannabis sativa, amplamente reconhecido por seus benefícios terapêuticos e medicinais. Diferentemente do THC (tetra-hidrocanabinol), o CBD não possui efeitos psicoativos, ou seja, não provoca a sensação de euforia associada ao uso recreativo da cannabis.

Como o CBD interage no organismo ?

O canabidiol (CBD) interage com o organismo principalmente através do sistema endocanabinoide (SEC), que regula diversas funções fisiológicas, como dor, inflamação e sono, além do controle neurológico.

No caso da epilepsia, os efeitos do CBD estão relacionados a sua atuação em diferentes receptores e mecanismos no cérebro.Os dois principais receptores do SEC são:

  1. Receptores CB1: Localizados principalmente no sistema nervoso central, estão envolvidos em processos como controle da dor, memória, coordenação e humor.
  2. Receptores CB2: Predominam no sistema imunológico e estão ligados à regulação de inflamações e respostas imunológicas.

Principais mecanismos de ação do CBD na epilepsia:

  • O CBD não se liga diretamente aos receptores CB1 e CB2 como o THC, mas influencia sua atividade indiretamente, modulando a maneira como o SEC responde aos estímulos.
  • Ele aumenta os níveis de endocanabinoides naturais no corpo ao inibir as enzimas que os degradam, prolongando seu efeito benéfico.
  • Também interage com outros sistemas do organismo, como receptores de serotonina, envolvidos no controle da ansiedade e do humor, e receptores TRPV1, relacionados à dor e à inflamação.

Benefícios do CBD no tratamento da epilepsia

  • Alta tolerabilidade e perfil de segurança: Estudos clínicos mostram que o CBD é bem tolerado pela maioria dos pacientes, incluindo crianças e adolescentes. Embora possam ocorrer efeitos adversos (como sonolência, fadiga ou alterações no apetite), o perfil de segurança do CBD é geralmente favorável, especialmente em comparação com outros tratamentos.
  • Ausência de efeitos psicoativos: O CBD é um dos compostos não psicoativos derivados da planta de cannabis, ou seja, não provoca os efeitos eufóricos associados ao tetrahidrocanabinol (THC). Isso o torna uma opção viável para populações vulneráveis, como crianças e adolescentes.
  • Evidências sólidas para epilepsia refratária: O uso de CBD em epilepsias refratárias (como a síndrome de Dravet e a síndrome de Lennox-Gastaut) tem evidências robustas. Estudos clínicos, incluindo ensaios controlados, demonstram que o CBD pode reduzir significativamente a frequência das crises nesses casos.
  • Melhora na qualidade de vida: Além da redução das crises, pacientes tratados com CBD relatam benefícios como melhor controle dos sintomas e redução da carga emocional sobre as famílias, o que impacta positivamente a qualidade de vida.

Como agir ao presenciar um ataque epilético?

Presenciar uma crise epiléptica pode ser assustador, mas agir com calma é essencial. O ideal é afastar a pessoa de perigos, como ruas ou objetos cortantes, e falar com tranquilidade, sem restringir seus movimentos. É importante lembrar que, devido à confusão, ela pode interpretar suas ações de forma equivocada.

Passos para ajudar:

  1. Cronometre a duração da crise: Utilize um relógio para verificar quanto tempo dura o ataque. Se ultrapassar 5 minutos, chame imediatamente o serviço de emergência (Samu – 192 no Brasil).
  2. Movimente a pessoa apenas se necessário: Só mude sua posição caso ela esteja em um local perigoso.
  3. Afaste objetos perigosos: Remova móveis, objetos pontiagudos ou qualquer item que possa causar ferimentos.
  4. Proteja a cabeça: Coloque algo macio, como sua mão ou uma peça de roupa dobrada, sob a cabeça da pessoa para evitar lesões por impacto no chão.
  5. Não restrinja os movimentos: Deixe a convulsão seguir seu curso natural. Tentar segurá-la pode causar mais danos.
  6. Não coloque nada na boca: Não há risco de a pessoa engolir a língua. Inserir objetos ou tentar manipular a língua pode causar ferimentos.
  7. Após a crise: Coloque a pessoa de lado, na posição lateral de segurança, para evitar sufocamento com saliva ou vômito. Permaneça ao lado dela até que recupere a consciência, oferecendo suporte e tranquilidade. Se a pessoa continuar confusa ou não recuperar a consciência, aguarde a chegada dos profissionais de saúde.

Pesquisas científicas que apontam a eficácia do CBD

Estudos clínicos recentes e relatos de famílias têm indicado que o uso do CBD pode reduzir a frequência e a intensidade das crises epilépticas, especialmente em casos de epilepsias refratárias.

Contudo, é importante observar que a resposta ao tratamento pode variar entre os indivíduos, e os benefícios tendem a ser mais evidentes em situações onde os tratamentos convencionais não apresentam resultados satisfatórios.

  • Uma publicação indexada na PubMed, intitulada 'Cannabidiol: Pharmacology and potential therapeutic role in epilepsy and other neuropsychiatric disorders', de autoria de Devinsky et al. (2014), destaca os efeitos farmacológicos relevantes do CBD e seu potencial terapêutico significativo, especialmente em casos de epilepsias de difícil controle. O estudo apresenta uma análise detalhada sobre os mecanismos de ação do CBD e reforça sua viabilidade como alternativa terapêutica em situações onde os tratamentos convencionais são insuficientes. 1
  • Outro artigo relevante, intitulado 'Pediatric refractory epilepsy: A review of diagnoses and treatment strategies' (Saxena, S., Li, S., & Wu, D., 2015), publicado na revista Translational Pediatrics, explora os desafios envolvidos no tratamento de epilepsias refratárias em crianças. O estudo enfatiza não apenas as dificuldades associadas ao controle das crises epilépticas e os efeitos colaterais das medicações convencionais, mas também o impacto profundo dessas condições na rotina das famílias.
  • Uma revisão publicada em 2022 nos Arquivos de Neuro-Psiquiatria, intitulada "Canabidiol e epilepsia no Brasil: uma revisão atual", destacou o CBD como uma opção terapêutica promissora para o tratamento de epilepsias de difícil controle, incluindo as síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut. A análise dos estudos indicou que o CBD pode contribuir significativamente para a redução da frequência das crises convulsivas nesses pacientes.3

Esses estudos sugerem que o CBD é uma alternativa viável para o manejo de epilepsias refratárias, mas é fundamental que seu uso seja supervisionado por profissionais de saúde, considerando as particularidades de cada paciente.

Qual é o código da classificação internacional de doenças (CID) para a epilepsia?

O código CID-10 G40 é o principal código da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) para epilepsia. Ele agrupa diferentes formas e características dessa condição neurológica, permitindo que profissionais de saúde classifiquem o tipo específico de epilepsia ou crise apresentada pelo paciente.

Um novo caminho para o tratamento da epilepsia

O canabidiol (CBD) representa um avanço significativo no campo da medicina, oferecendo uma alternativa promissora para o manejo de condições desafiadoras, como epilepsias refratárias e outras patologias que comprometem a qualidade de vida dos pacientes.

Com uma base sólida em evidências científicas e um perfil de segurança favorável, o CBD tem conquistado espaço como uma opção terapêutica confiável e inovadora.

Referências

Uso do canabidiol como terapia alternativa para tratamento de epilepsia: revisão sistemática. Disponível em:  https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/48520

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