- Anny Fischer, diagnosticada com a rara síndrome de CDKL5, enfrentava crises convulsivas intensas desde bebê. Sua história se tornou símbolo de luta por acesso à cannabis medicinal no Brasil.
- Diante da ineficácia dos tratamentos tradicionais, seus pais importaram ilegalmente o CBD, que reduziu drasticamente as convulsões e melhorou sua qualidade de vida.
- Em 2014, a família Fischer obteve a primeira autorização judicial para importar cannabis medicinal, abrindo precedente e impulsionando mudanças na legislação nacional.
- A jornada de Anny ajudou a romper tabus e garantir que milhares de brasileiros tenham hoje acesso legal e seguro à cannabis medicinal, com prescrição e acompanhamento médico.
Quem é Anny Fischer?
Anny Fischer é uma criança brasileira nascida com uma condição neurológica grave chamada síndrome de CDKL5 — uma doença genética rara que provoca crises convulsivas de difícil controle desde os primeiros meses de vida. Além das convulsões, a síndrome compromete o desenvolvimento motor, cognitivo e a qualidade de vida dos pacientes.
Desde bebê, Anny enfrentava dezenas de crises convulsivas por semana, mesmo sob tratamento com os melhores medicamentos disponíveis no país. A cada dia, seus pais viam a filha regredir, perder movimentos, deixar de interagir e sofrer sem trégua.
O que é Síndrome de CDKL5?
A síndrome de CDKL5 é uma condição genética rara e grave que afeta principalmente o desenvolvimento neurológico de crianças. Ela é causada por mutações no gene CDKL5 (Cyclin-Dependent Kinase-Like 5), localizado no cromossomo X, responsável pela produção de uma proteína essencial para o desenvolvimento normal do cérebro.
Os primeiros sinais da síndrome costumam surgir nos primeiros meses de vida e incluem crises epilépticas de difícil controle, atraso no desenvolvimento motor e cognitivo, dificuldades na comunicação e na interação social, além de distúrbios visuais e gastrointestinais.
Por se tratar de uma doença rara, muitas vezes é confundida com outras formas de epilepsia ou síndromes neurológicas, o que pode atrasar o diagnóstico. Não existe cura para a CDKL5, e o tratamento é focado no controle dos sintomas, sendo a cannabis medicinal uma alternativa promissora para o alívio das convulsões em muitos casos refratários aos medicamentos tradicionais.
A busca por alternativas e o encontro com a cannabis medicinal
Cansados da ineficácia dos tratamentos convencionais, os pais de Anny — Katiele e Norberto Fischer — passaram a pesquisar alternativas. Foi assim que conheceram o canabidiol (CBD), um composto presente na cannabis com potencial terapêutico.
Na época, o uso da cannabis medicinal era proibido no Brasil, e importar o produto representava um grande risco legal. Ainda assim, os pais decidiram agir com coragem. Fizeram a primeira importação do CBD ilegalmente, priorizando a saúde da filha acima de qualquer obstáculo jurídico.
A resposta de Anny ao tratamento foi rápida e impressionante: em poucos dias, zerou as convulsões por nove meses, seu sono melhorou e ela voltou a interagir com o ambiente.
O Relato de Katiele Fischer: "Minha filha voltou a viver"
Para Katiele Fischer, mãe de Anny, os últimos anos foram marcados por uma montanha-russa de emoções, incertezas e decisões corajosas. Ver sua filha perder habilidades, ter o desenvolvimento interrompido por convulsões constantes e viver aprisionada em um corpo fragilizado foi uma dor impossível de descrever. “Foi a única coisa que deu resultado. E resultado que digo, não é que a Anny vai se levantar e sair andando. Não é isso. É qualidade de vida. Os pais de crianças como a Anny, buscam coisas simples, que nossos filhos fiquem acordados já é uma grande diferença. Queremos que eles consigam comer”, relata Katiele.
O tratamento com cannabis medicinal não curou a síndrome, mas devolveu dignidade à rotina de Anny e esperança para sua família. “O que queria enfatizar é que ela não está curada, a síndrome não tem cura. O que ela tem hoje de diferente é qualidade de vida muito melhor do que tinha antes, fica acordada, interage, quando alguém chega ela olha, ela sorri, e isso não tem preço. O prognóstico da síndrome não é bom, porque é uma doença degenerativa. O grande passo é realmente a qualidade de vida. Lógico que a gente sempre tem esperança que ela melhore, volte a andar. É meu sonho," afrma Katiele.
A primeira autorização legal para importar cannabis medicinal
Diante da melhora significativa, os Fischer decidiram buscar a legalização do uso do medicamento. Em 2014, a família conquistou na Justiça o direito de importar legalmente o canabidiol para tratar a filha. Esse foi o primeiro caso autorizado oficialmente no Brasil, abrindo um precedente histórico.
Esse feito colocou Anny Fischer no centro do debate sobre a regulamentação da cannabis para fins terapêuticos. O caso ganhou destaque nacional, sendo amplamente divulgado pela mídia e documentado em filmes, reportagens e audiências públicas.
Esse movimento contribuiu diretamente para:
- A liberação da importação de produtos à base de cannabis com prescrição médica;
- A mudança na classificação do canabidiol, que deixou de ser substância proibida;
A cannabis medicinal é legal para todos no Brasil hoje?
Sim, a cannabis medicinal é legal no Brasil, para ter acesso a esses medicamentos basta que a pessoa tenha uma indicação médica — ou seja, que um profissional da saúde reconheça que o tratamento com cannabis pode ajudar no seu caso. Com essa recomendação em mãos, é necessário solicitar a autorização da Anvisa em caso de importação.
Mas tudo isso pode ser feito de maneira legal, segura e com acompanhamento médico. A boa notícia é que, nos últimos anos, o tratamento deixou de ser tabu e está cada vez mais presente na vida de quem busca mais qualidade de vida, especialmente para lidar com dores crônicas, epilepsias, autismo e outras condições.
O mais importante é saber que a cannabis medicinal já é uma realidade no país, e com informação, apoio médico e orientação certa, qualquer pessoa que precise pode encontrar esse caminho de forma legal.
Considerações finais
A história de Anny Fischer é uma lição de amor, ciência e coragem. Sua vida foi salva por um composto natural que, por muito tempo, foi tratado como tabu. E seus pais foram além: usaram a experiência para transformar uma tragédia familiar em esperança coletiva.
Hoje, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer na regulamentação da cannabis medicinal. Mas graças a histórias como a de Anny, esse caminho se torna mais claro, mais justo e mais humano.



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