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02/06/2025
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Estudo mostra que microdoses de THC têm efeito terapêutico sem causar os efeitos colaterais clássicos

A microdosagem de cannabis medicinal vem ganhando destaque por proporcionar benefícios terapêuticos sutis e eficazes, com menor risco de efeitos adversos comuns em doses mais altas de tetraidrocanabinol (THC). Essa estratégia, que alia segurança e funcionalidade, acaba de receber novo respaldo científico com um estudo conduzido por Moore e Weerts (2022), publicado na revista Psychopharmacology (Berlin).

A pesquisa demonstrou que doses muito baixas de THC são capazes de induzir efeitos comportamentais seletivos, sem ativar a chamada tétrade canabinoide — um conjunto de reações que, tradicionalmente, serve como marcador da ação típica dos canabinoides em modelos pré-clínicos.

Mulher segurando um frasco pequeno de vidro âmbar com rótulo amarelo, usando um conta-gotas para retirar o líquido.

    O que diz o estudo?

    O estudo avaliou os efeitos do THC e do canabidiol (CBD), administrados por via oral, em ratos machos e fêmeas. O objetivo foi compreender como variáveis como sexo, dose e tempo de exposição influenciam a ativação da tétrade canabinoide — composta por quatro reações clássicas que indicam a ação dos canabinoides sobre o sistema nervoso central.

    Principais descobertas do estudo

    O estudo demonstrou que doses baixas de THC não ativam completamente a tétrade canabinoide, mas produzem efeitos terapêuticos sutis. A seguir, os principais achados:

    • Doses baixas de THC provocaram respostas comportamentais discretas, como leve analgesia e alterações sutis na atividade motora, sem desencadear os quatro efeitos clássicos da tétrade.
    • O CBD, mesmo em doses elevadas, não ativou a tétrade em nenhum momento, reforçando seu perfil de segurança e potencial terapêutico.
    • Fatores como sexo biológico e tempo de exposição influenciaram os resultados, indicando que a resposta aos canabinoides pode variar de acordo com características individuais.

    Esses resultados sustentam o princípio da microdosagem: é possível obter efeitos terapêuticos desejados mesmo com doses subterapêuticas de THC, evitando os efeitos colaterais mais intensos — como sedação, euforia ou prejuízo cognitivo — que são mais frequentes com doses elevadas.

    O que é a tétrade dos canabinoides — e por que ela importa?

    Em modelos animais, os pesquisadores costumam avaliar a eficácia de substâncias canabinoides com base em quatro reações conhecidas como tétrade canabinoide:

    1. Hipotermia – queda da temperatura corporal
    2. Catalepsia – rigidez muscular e imobilidade
    3. Analgesia – redução da sensibilidade à dor
    4. Redução da atividade locomotora – diminuição dos movimentos espontâneos

    Esses efeitos refletem a ativação plena dos receptores canabinoides, especialmente CB1, e são comumente observados após administração de doses elevadas de THC.

    No entanto, como demonstrado por Moore e Weerts, doses baixas podem modular o sistema endocanabinoide de forma mais seletiva, sem ativar todos os marcadores da tétrade.

    Isso representa um avanço significativo para a individualização de tratamentos com cannabis, especialmente em contextos que exigem segurança, tolerabilidade e manutenção da funcionalidade diária.

    O que os achados revelam para a prática terapêutica?

    Os resultados do estudo reforçam a ideia de que a microdosagem pode ser uma abordagem segura e funcional para pacientes que buscam os benefícios da cannabis medicinal sem comprometer sua rotina com efeitos adversos como sonolência, alterações cognitivas ou motoras.

    Em especial, a possibilidade de atuar seletivamente sobre o sistema endocanabinoide, induzindo respostas como leve analgesia ou modulação do humor, sem ativar a tétrade completa, abre caminho para aplicações em quadros como:

    • Dores leves a moderadas
    • Transtornos de ansiedade com sensibilidade a sedativos
    • Síndromes clínicas que exigem uso contínuo e funcionalidade preservada
    • Usuários iniciantes ou sensíveis ao THC

    Além disso, o fato de o CBD não ativar a tétrade, mesmo em doses elevadas, reforça seu perfil de segurança farmacológica e amplia sua aplicabilidade em tratamentos de longo prazo — inclusive para condições inflamatórias, neurológicas e psiquiátricas, especialmente quando combinado a microdoses de THC.

    Considerações finais

    O estudo de Moore e Weerts (2022) representa um marco relevante para o entendimento dos efeitos seletivos do THC em baixas doses, validando o conceito terapêutico da microdosagem.

    Ao demonstrar que é possível modular o sistema endocanabinoide sem ativar os efeitos clássicos da tétrade, a pesquisa sustenta o uso de doses subterapêuticas como caminho viável, com foco em segurança, tolerabilidade e personalização do cuidado.

    Essas evidências fortalecem o posicionamento da microdosagem como uma fronteira promissora da medicina canabinoide, especialmente para pessoas que desejam integrar a cannabis à sua rotina de forma equilibrada, funcional e com risco reduzido de efeitos colaterais.

    Ainda que mais estudos clínicos em humanos sejam necessários para padronizar protocolos, o cenário já aponta um caminho fundamentado: menos pode, sim, ser mais — quando bem orientado.

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