- Desde 2018, a Agência Mundial Antidoping (WADA) retirou o CBD da lista de substâncias proibidas em competições, mas mantém a proibição do THC pelos riscos psicoativos que podem afetar o desempenho e a segurança no esporte.
- O CBD, derivado do cânhamo, não provoca euforia e é considerado seguro para uso medicinal, incluindo atletas que precisam de alternativas terapêuticas sem o risco de testar positivo para doping.
- O THC, principal composto psicoativo da cannabis, segue proibido nas competições pela WADA. Qualquer traço dessa substância pode resultar em violação antidoping, exigindo cautela na escolha de produtos.
- No Brasil, produtos de cannabis com até 0,2% de THC podem ser prescritos para diversas condições clínicas, mas esse limite ainda oferece risco para atletas que competem sob regras internacionais de antidoping.
- O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) segue as diretrizes da WADA e recomenda prudência ao usar suplementos ou produtos de CBD, pois contaminações por THC podem ocorrer mesmo em concentrações mínimas.
Em 2018, a Agência Mundial Antidoping (WADA) removeu o CBD da Lista de Substâncias Proibidas, permitindo seu uso por atletas dentro e fora das competições.
No entanto, essa flexibilização não se aplica ao THC, que segue proibido devido aos seus efeitos psicoativos. Para evitar violações, produtos à base de CBD devem passar por testes rigorosos para garantir a ausência de THC.
Essa mudança reflete o reconhecimento do potencial terapêutico do CBD, equilibrando ciência, saúde e ética no esporte, sem comprometer a integridade das competições.
O que é canabidiol (CBD)?
O canabidiol (CBD) é uma das mais de 400 substâncias canabinoides presentes na planta Cannabis sativa. Por não apresentar efeitos psicoativos, destaca-se por suas propriedades anticonvulsivantes, ansiolíticas, analgésicas e anti-inflamatórias.
A substância é extraída do cânhamo, uma variedade da Cannabis sativa caracterizada por conter baixos níveis de tetrahidrocanabinol (THC), o componente psicoativo da planta.
Principais Compostos da Cannabis: THC e CBD
A Cannabis contém diversos compostos bioativos, sendo o CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidrocanabinol) os mais estudados. Ambos pertencem à classe dos canabinoides, mas apresentam propriedades distintas e aplicações terapêuticas específicas.
1.Canabidiol (CBD)
O CBD é um composto não psicoativo, ou seja, não altera o estado mental nem provoca euforia. É amplamente utilizado no tratamento de epilepsia refratária, ansiedade, dor crônica, inflamações e distúrbios do sono.
Devido à sua segurança e ausência de efeitos psicoativos, o CBD tem sido regulamentado para uso medicinal, inclusive no Brasil, sob prescrição médica e supervisão da Anvisa.
2.Tetrahidrocanabinol (THC)
O THC é o principal composto psicoativo da cannabis, responsável pelos efeitos eufóricos do uso recreativo. No entanto, também possui propriedades terapêuticas, sendo indicado para náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia, dores crônicas, espasticidade muscular e estímulo do apetite em pacientes com HIV/AIDS e outras condições debilitantes.
Diferenças e complementaridade do THC E CBD
Embora tenham a mesma origem botânica, CBD e THC diferem nos efeitos e aplicações. O CBD é preferido em condições onde a ausência de psicoatividade é essencial, enquanto o THC é utilizado em tratamentos específicos, quando seus benefícios superam os riscos.
Em alguns casos, medicamentos combinam CBD e THC para aproveitar seus efeitos complementares, proporcionando maior eficácia terapêutica conforme a necessidade clínica do paciente.
Mecanismo de ação do canabidiol (CBD)
O CBD atua diretamente no sistema endocanabinoide (SEC), uma rede presente em todo o corpo humano que regula funções vitais como humor, sono, dor, inflamação, memória e apetite. Esse sistema é composto por receptores, endocanabinoides (substâncias naturalmente produzidas pelo organismo) e enzimas responsáveis pela sua síntese e degradação.
Ao promover o equilíbrio do corpo, conhecido como homeostase, o sistema endocanabinoide desempenha um papel essencial no funcionamento saudável de diversos sistemas do organismo.
Qual a concentração de THC permitida no Brasil?
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n.º 327/2019, da Anvisa, estabelece no artigo 4º os limites de tetrahidrocanabinol (THC) em produtos de Cannabis para fins medicinais no Brasil.
De acordo com essa norma:
- Produtos com concentração de tetra-hidrocanabinol (THC) superior a 0,2% são restritos a pacientes em condições de saúde graves ou terminais, e sua prescrição só pode ser feita por médicos para esses casos específicos.
- Já os produtos com concentração de THC igual ou inferior a 0,2% podem ser prescritos para outras condições de saúde, ampliando o acesso ao tratamento para diferentes necessidades médicas.
Essa diferenciação foi criada para garantir o uso seguro e controlado de produtos à base de Cannabis, considerando os potenciais efeitos psicoativos do THC.
Por que o uso do THC em medicamentos possui limites regulamentados?
O THC (tetra-hidrocanabinol) é o principal composto psicoativo da Cannabis sativa, e seu uso medicinal é rigorosamente regulado para garantir segurança e eficácia. Em doses elevadas ou sem controle adequado, pode causar efeitos adversos, como ansiedade, paranoia e comprometimento cognitivo.
Embora o risco de dependência seja menor em tratamentos controlados, o THC pode levar ao uso abusivo, especialmente quando consumido por longos períodos. As regulamentações buscam equilibrar seus benefícios terapêuticos com a segurança dos pacientes, assegurando uma utilização responsável e eficaz.
Qual é a postura do Comitê Olímpico Brasileiro (COB)?
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) segue as diretrizes da Agência Mundial Antidoping (WADA), que proíbe todos os canabinoides, exceto o CBD (canabidiol).
No entanto, o COB adota uma postura cautelosa, pois muitos produtos de CBD podem conter traços de THC, o que pode gerar um Resultado Analítico Adverso (RAA) em testes antidoping. Por isso, recomenda-se que os atletas utilizem apenas produtos de fornecedores confiáveis e certificados.
Já a cannabis segue proibida durante as competições, e um teste positivo para THC pode resultar em sanções severas. O COB reforça que a responsabilidade final é do atleta, que deve gerenciar rigorosamente o consumo de substâncias para garantir conformidade com as regras antidoping e preservar a integridade esportiva.
Regras antidoping da WADA: limites e diretrizes para atletas
A Agência Mundial Antidoping (WADA) classifica o THC como uma substância proibida apenas durante competições, pois, embora não melhore diretamente o desempenho esportivo, pode afetar a saúde e o espírito esportivo. Essa restrição busca garantir a integridade das competições e preservar os valores do esporte.
O Objetivo da WADA é garantir a integridade das competições e promover um ambiente esportivo justo, livre de substâncias que possam prejudicar a saúde ou influenciar de forma indevida os resultados.
Segundo o Código Mundial Antidoping, uma violação ocorre quando a concentração de carboxi-THC (metabólito do THC) ultrapassa 150 ng/mL em amostras de urina. Esse limite está detalhado no documento técnico da WADA, "Decision Limits for the Confirmatory Quantification of Threshold Substances" (TD2021DL), que define parâmetros para exames antidoping.
Com essas diretrizes, a WADA equilibra o controle antidoping com a promoção de um esporte justo e seguro, orientando atletas e organizações sobre os limites permitidos e as consequências do uso do THC durante competições.
Orientações para atletas sobre o uso de CBD e regras antidoping
- Evitar produtos com THC: Para minimizar riscos, priorize produtos de CBD comprovadamente isentos de THC, como os de CBD isolado ou aqueles com certificação "THC-free".
- Consulta médica e certificação: Sempre procure orientação de médicos especializados e assegure-se de que o produto possui certificações rigorosas de controle de qualidade.
- Cautela em competições internacionais: As regras podem variar entre países, e até mesmo pequenas quantidades de THC podem ser tratadas de forma mais restritiva em determinados contextos.
Embora produtos com até 0,2% de THC sejam permitidos para uso médico no Brasil, eles representam um risco para atletas que competem sob as normas da WADA. Mesmo dentro do limite regulamentado pela Anvisa, essa concentração pode levar a um resultado positivo em testes antidoping.
Para navegar por esse cenário, é imprescindível que atletas, treinadores e profissionais de saúde adotem uma postura responsável e informada. O acompanhamento médico, a escolha de produtos certificados e o conhecimento aprofundado das diretrizes da WADA e das regulamentações da Anvisa são pilares essenciais para um uso consciente e seguro.
A recomendação mais segura é evitar o uso desses produtos antes e durante as competições, garantindo conformidade com as regras e evitando possíveis sanções. O acompanhamento médico, a escolha criteriosa dos produtos e o conhecimento das diretrizes da WADA e da Anvisa são fundamentais para um uso seguro e dentro das normas esportivas.