Voltar para o Blog
08/05/2025
|
7 min de leitura
CBDCBDTHCTHC

Os benefícios da Cannabis Medicinal na recuperação pós-AVC: O que diz a ciência

A cannabis medicinal tem despertado interesse crescente como opção terapêutica complementar em diversas condições neurológicas — e, entre elas, o acidente vascular cerebral (AVC).

Embora ainda não seja um tratamento padrão, estudos sugerem que compostos como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC) podem atuar em diferentes fases da recuperação pós-AVC, especialmente na reabilitação.

Confira a seguir os principais benefícios da cannabis medicinal no tratamento do AVC, com base nas evidências disponíveis até o momento:

Médica em consultório explicando os resultados ou orientações para uma paciente idosa.
  • O canabidiol tem ação neuroprotetora, reduzindo a morte de neurônios, estresse oxidativo e inflamação cerebral após o AVC. Estudos com animais mostram melhora na recuperação funcional e preservação de tecidos cerebrais.
  • Pacientes com AVC frequentemente enfrentam dor crônica e rigidez muscular. A cannabis medicinal, especialmente a combinação de CBD e THC, pode aliviar esses sintomas, melhorando o conforto físico e a mobilidade.
  • Transtornos emocionais são comuns no pós-AVC. O CBD atua em receptores que regulam o humor, ajudando a reduzir sintomas de ansiedade e depressão, favorecendo o bem-estar emocional durante a reabilitação.
  • A cannabis medicinal, especialmente o CBD, pode favorecer a reorganização e formação de novas conexões no cérebro, processo essencial na recuperação de funções após o AVC.

Como a cannabis medicinal pode ajudar na recuperação pós-AVC?

1. Efeito neuroprotetor

O canabidiol (CBD) tem demonstrado propriedades neuroprotetoras em estudos pré-clínicos, o que o torna um potencial aliado na reabilitação de pacientes que sofreram AVC. Sua ação ocorre principalmente pela redução da morte neuronal, do estresse oxidativo e da neuroinflamação — processos que estão fortemente associados aos danos cerebrais causados pela isquemia.

Em modelos animais de isquemia cerebral, o CBD foi capaz de diminuir a extensão da área de infarto, preservar tecidos neurais e favorecer a recuperação funcional. Esses efeitos foram observados no estudo "Cannabidiol reduces neuroinflammation and promotes neuroplasticity and functional recovery after brain ischemia", que demonstrou não apenas a ação anti-inflamatória do CBD, mas também sua capacidade de modular mecanismos celulares envolvidos na regeneração neural.

Tais evidências indicam que o CBD pode exercer um papel adjuvante importante na proteção e recuperação do tecido cerebral após um AVC, embora mais estudos clínicos sejam necessários para validar seu uso em protocolos terapêuticos humanos.

2. Melhora da dor e da espasticidade

Após um AVC, é comum que os pacientes desenvolvam espasticidade — uma rigidez muscular que limita movimentos — além de dor crônica decorrente da lesão neurológica.

Estudos indicam que a cannabis medicinal, especialmente em formulações que combinam CBD e THC, pode ajudar a aliviar a espasticidade e a dor associada, promovendo maior conforto físico e contribuindo para a qualidade de vida durante a reabilitação. Um exemplo é o estudo Cannabinoid Effect and Safety in Spasticity Following Stroke, que demonstrou redução significativa da rigidez muscular com boa tolerância ao tratamento.

3. Redução da ansiedade e da depressão

Após um AVC, é comum que os pacientes enfrentem transtornos emocionais, como ansiedade, depressão e distúrbios do sono, que impactam diretamente a qualidade de vida e dificultam o processo de reabilitação.

O canabidiol (CBD) tem demonstrado efeitos ansiolíticos e antidepressivos em diversos estudos, podendo atuar como um adjuvante no equilíbrio emocional desses pacientes. Sua ação está relacionada à modulação dos receptores serotoninérgicos (5-HT1A), envolvidos na regulação do humor e do estresse.

Uma revisão publicada no Journal of Clinical Psychology, intitulada “Cannabidiol as a Potential Treatment for Anxiety and Mood Disorders” (Blessing et al., 2015), reforça esse potencial ao demonstrar que o CBD foi eficaz na redução da ansiedade social, do estresse pós-traumático e de sintomas depressivos em estudos pré-clínicos e em humanos, com boa tolerabilidade.

Esses achados indicam que o CBD pode ser uma ferramenta útil para amenizar o sofrimento psicoemocional em pacientes no período de reabilitação pós-AVC, contribuindo para uma recuperação mais equilibrada e humanizada.

4. Melhora do sonoDistúrbios do sono são comuns após um AVC e podem impactar negativamente a recuperação neurológica, comprometendo a memória, o humor, a concentração e a plasticidade cerebral — todos fundamentais no processo de reabilitação.

O canabidiol (CBD) tem se mostrado eficaz na regulação do sono, especialmente por sua atuação na redução da ansiedade e na modulação do ciclo sono-vigília. Ele contribui para um estado de relaxamento que favorece o início e a manutenção do sono, sem os efeitos colaterais frequentemente associados a medicamentos sedativos convencionais.

Um estudo publicado no Permanente Journal (Babson et al., 2017) intitulado "Cannabis, Cannabinoids, and Sleep: A Review of the Literature" destacou que o CBD pode melhorar a qualidade do sono em indivíduos com distúrbios relacionados à dor crônica, ansiedade e condições neurológicas — contextos que se aproximam dos desafios enfrentados por pacientes no período pós-AVC.

Essas evidências sugerem que o CBD pode ser um aliado relevante na melhora do sono, o que, por sua vez, favorece a regeneração cerebral e o bem-estar geral ao longo da reabilitação.

5. Apoio à plasticidade cerebral

Pesquisas pré-clínicas sugerem que a cannabis medicinal, especialmente o canabidiol (CBD), pode favorecer a recuperação funcional do cérebro após um AVC, ao estimular mecanismos relacionados à plasticidade neural — a capacidade do cérebro de se reorganizar e formar novas conexões após uma lesão.

Uma revisão intitulada “Revisão integrativa sobre o papel do BDNF e do canabidiol na neuroplasticidade” demonstrou que o CBD apresenta propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias, com potencial de reduzir a área de infarto cerebral e melhorar a recuperação neurológica. Estudos com modelos animais reforçam esses achados, indicando que o CBD pode atuar positivamente na neurogênese (formação de novos neurônios) e na modulação de fatores relacionados à regeneração cerebral.

Efeitos colaterais da cannabis medicinal na recuperação pós-AVC

Embora a cannabis medicinal, especialmente o canabidiol (CBD), apresente efeitos promissores na reabilitação de pacientes após o AVC, é essencial considerar os possíveis efeitos colaterais e as situações em que seu uso pode ser contraindicado.

A seguir, destacamos os principais pontos de atenção para um uso seguro e responsável da cannabis medicinal nesse contexto.

O CBD, por ser um composto não psicoativo, costuma ter um perfil de segurança elevado, mas ainda assim pode causar reações em alguns pacientes. Já o THC, por ter efeito psicoativo, exige mais cautela, especialmente em pessoas com histórico de vulnerabilidade neurológica.

Entre os efeitos colaterais mais relatados estão:

  • Sonolência ou sedação excessiva
  • Tontura ou queda de pressão
  • Boca seca
  • Alterações no apetite
  • Diarreia leve (em altas doses de CBD)
  • Fadiga
  • Dificuldade de concentração (especialmente em formulações com THC)

Esses efeitos geralmente são transitórios e dose-dependentes, ou seja, tendem a desaparecer com ajustes na dosagem ou na formulação.

Contraindicações e cuidados específicos

Embora seus benefícios sejam promissores, existem situações em que o uso exige atenção redobrada ou pode ser contraindicado.

  • Fase aguda do AVC: A cannabis não deve ser utilizada nas primeiras horas ou dias após o evento vascular, pois pode interferir em parâmetros críticos como pressão arterial, frequência cardíaca e perfusão cerebral, o que pode agravar o quadro clínico.

  • Histórico de psicose ou transtornos psiquiátricos graves: Em pacientes com histórico de esquizofrenia, surtos psicóticos ou transtornos de ansiedade intensos, o uso de compostos com THC pode desencadear ou agravar sintomas psiquiátricos, sendo desaconselhado nesses casos.

  • Uso concomitante de anticoagulantes: O CBD pode interagir com medicamentos anticoagulantes potencializando ou inibindo seus efeitos. Nessas situações, é fundamental que o médico avalie e ajuste as doses, além de monitorar exames laboratoriais com frequência.

  • Doença hepática grave: Como o metabolismo do CBD ocorre principalmente no fígado, pacientes com comprometimento hepático importante devem ser acompanhados com maior rigor, evitando riscos de acúmulo da substância ou efeitos adversos.

  • Gravidez e lactação: Ainda não há evidências suficientes sobre a segurança do uso da cannabis medicinal durante a gestação ou amamentação. Por precaução, a utilização nesse período é desaconselhada, salvo em situações excepcionais e com rigorosa supervisão médica.

Importância do acompanhamento profissional

Apesar dos benefícios potenciais, a cannabis medicinal não é isenta de riscos e não substitui os tratamentos convencionais. Ela deve ser considerada como uma terapia complementar, com prescrição individualizada, respeitando o tipo de AVC, os sintomas predominantes e os objetivos terapêuticos.

A avaliação contínua da eficácia e da tolerabilidade é essencial para garantir segurança, especialmente em pacientes neurológicos, que muitas vezes utilizam múltiplos medicamentos (polifarmácia).

Considerações finais

A cannabis medicinal, especialmente por meio do canabidiol (CBD), tem se mostrado uma aliada promissora na reabilitação de pacientes após um AVC. Seus efeitos neuroprotetores e anti-inflamatórios apontam para um potencial terapêutico relevante, embora seu uso ainda seja considerado complementar, e não substitutivo aos tratamentos neurológicos convencionais.

É importante destacar que, por envolver possíveis efeitos colaterais e contraindicações — sobretudo em pacientes com comorbidades, uso de anticoagulantes ou histórico psiquiátrico —, seu uso deve ser criterioso, sempre individualizado e orientado por profissionais qualificados.

Com o avanço das pesquisas, cresce a expectativa de que a cannabis medicinal se consolide como parte integrante do cuidado multidisciplinar, oferecendo mais qualidade de vida e melhores perspectivas de recuperação para quem enfrenta as consequências de um AVC.

Imagem CTA1
Imagem CTA2
Imagem CTA3

Agende sua consulta

Agende sua primeira consulta na Click por apenas R$30 e converse com nossos médicos especialistas hoje mesmo.

Ver mais artigos

Mulher tomando óleo de canabidiol
CBD

CBD em jejum ou após as refeições: O que funciona melhor?

08/08/2025

|

min de leitura

Mulher sentada no sofá com as mãos no rosto em momento de tristeza, simbolizando o luto.
CBD

CBD no Luto: Como o Canabidiol pode ajudar no equilíbrio emocional

07/08/2025

|

min de leitura

Mulher grávida em um campo verde, usando chapéu de palha e vestido branco, representando maternidade e bem-estar.
THC
CBD
Saúde feminina

THC e CBD durante a gestação e lactação: O que você precisa saber

05/08/2025

|

6 min de leitura

Médica segurando um frasco de medicamento enquanto escreve uma prescrição médica de CBD, em um consultório bem iluminado na Click Cannabis.
CBD
Legislação

Canabidiol no Brasil: entenda quem pode prescrever e como realizar seu tratamento de forma segura

05/08/2025

|

4 min de leitura

Homem idoso massageando a mão com dor causada pela artrite, ilustrando potencial uso do canabidiol
CBD
Dores

Canabidiol na Artrite: Alívio e potencial anti-inflamatório

05/08/2025

|

10 min de leitura