- Segundo evidências científicas atuais O canabidiol (CBD), composto derivado da planta cannabis, não causa vício.
- A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em relatórios de 2017 e 2018, que o CBD é seguro, não representa risco de abuso e não deve ser classificado como substância controlada.
- O CBD tem múltiplos benefícios terapêuticos: é eficaz contra epilepsias refratárias, reduz ansiedade, inflamações e dores crônicas, tem ação neuroprotetora, auxilia no sono e apresenta efeitos antipsicóticos leves.
- Estudos indicam que o CBD pode ajudar no tratamento da dependência química, atuando nos circuitos cerebrais ligados à compulsão e ansiedade, reduzindo a fissura e prevenindo recaídas.
A dúvida é natural — afinal, estamos falando de um composto extraído da mesma planta que dá origem à maconha, associada popularmente ao uso recreativo e à dependência química.
À medida que o CBD ganha espaço como alternativa terapêutica para condições como epilepsia, ansiedade, dor crônica, autismo e Parkinson, cresce também a preocupação de pacientes, familiares e profissionais da saúde quanto à sua segurança. Será que o uso contínuo do CBD pode gerar vício? Existe risco de dependência física ou psicológica?
Afinal, antes de iniciar qualquer tratamento, é essencial esclarecer dúvidas e tomar decisões com base em informações confiáveis.
O que é canabidiol (CBD)?
O canabidiol, conhecido como CBD, é um dos principais compostos químicos encontrados na planta Cannabis sativa. Ele pertence a um grupo de substâncias chamadas canabinoides, que interagem com o sistema endocanabinoide do corpo humano — um sistema responsável por regular funções como dor, humor, sono, inflamação e apetite.
O uso contínuo do CBD pode gerar vício?
Até o momento, as evidências científicas indicam que o uso contínuo do canabidiol (CBD) não gera vício. Diferente do tetraidrocanabinol (THC) — principal substância psicoativa da planta Cannabis —, o CBD não provoca alterações na consciência, euforia ou estímulos nos centros cerebrais ligados à recompensa, geralmente associados ao desenvolvimento de dependência.
Enquanto o THC atua no sistema nervoso central gerando efeitos cognitivos e mudanças na percepção, o CBD não altera o humor nem o comportamento, o que reforça sua segurança em contextos terapêuticos.
Qual é o posicionamento da OMS sobre o uso terapêutico do CBD?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu publicamente o perfil de segurança do canabidiol (CBD) em contextos terapêuticos. Em 2017, durante a 39ª reunião do Comitê de Especialistas em Dependência de Drogas, a entidade recomendou que o CBD não seja classificado como substância controlada, uma vez que não apresenta risco de abuso ou dependência.
Segundo o relatório da OMS, o CBD difere do tetraidrocanabinol (THC) — principal composto psicoativo da cannabis — por não provocar alterações na percepção, nem estimular os centros cerebrais associados ao vício. Estudos em humanos e em animais confirmaram seu potencial terapêutico, com destaque para o tratamento de epilepsias refratárias e outras condições neurológicas.
Com base nessas evidências, a OMS recomendou que o canabidiol não esteja sujeito a controles internacionais rigorosos, como restrições à produção, comercialização ou uso médico. Essa posição influenciou diretamente debates internacionais sobre a reclassificação da cannabis e de seus derivados.
Em 2020, seguindo essa orientação, a Comissão de Entorpecentes das Nações Unidas aprovou a remoção da cannabis e da resina de cannabis do Anexo IV da Convenção Única sobre Entorpecentes de 1961 — categoria que incluía substâncias consideradas perigosas e sem valor terapêutico reconhecido. A decisão passou a reconhecer oficialmente o potencial medicinal da planta e de seus compostos, como o CBD.
Reforçando essa perspectiva, em 2018 a própria OMS reiterou que o canabidiol não apresenta potencial de abuso, mesmo em tratamentos prolongados. Estudos clínicos com uso contínuo do CBD em pacientes com epilepsia, transtornos de ansiedade e outras condições não identificaram sintomas de abstinência ou necessidade de aumento progressivo das doses para manutenção dos efeitos — reforçando, assim, sua segurança terapêutica.
No Brasil, o uso do canabidiol é regulamentado pela Anvisa por meio da RDC nº 660/2022. O acesso é permitido mediante prescrição médica, e os produtos podem ser adquiridos por importação autorizada ou em farmácias habilitadas no país. Essa regulação garante maior segurança ao paciente e controle sobre a qualidade dos produtos utilizados.
CBD como agente no tratamento da dependência de outras substâncias
Além de não apresentar potencial de abuso ou dependência, o canabidiol (CBD) vem sendo estudado por seu possível efeito terapêutico no tratamento de transtornos por uso de substâncias.
Em vez de gerar vício, o CBD parece atuar de forma moduladora sobre os circuitos cerebrais ligados à recompensa, à compulsão e à ansiedade, que estão frequentemente envolvidos nos quadros de dependência química.
Quais são os benefícios do CBD?
Com base em estudos clínicos e revisões científicas, estes são os principais benefícios terapêuticos atribuídos ao canabidiol (CBD):
1. Efeito anticonvulsivante
O CBD apresenta eficácia comprovada no controle de crises epilépticas, especialmente em casos de epilepsia refratária, como as síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut. Esse é um dos efeitos mais estudados do canabidiol e já resultou na aprovação de medicamentos específicos à base de CBD em diversos países, incluindo o Brasil.
2. Ação ansiolítica
Estudos apontam que o CBD pode auxiliar na redução da ansiedade, sendo avaliado em condições como transtorno de ansiedade generalizada (TAG), fobia social e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Seu efeito está relacionado à modulação dos receptores de serotonina, contribuindo para o equilíbrio emocional.
3. Propriedades anti-inflamatórias
O canabidiol possui ação anti-inflamatória significativa, sendo investigado como potencial tratamento em doenças como artrite, inflamações crônicas e condições autoimunes.
4. Redução da dor
O CBD também atua como analgésico, com bons resultados no alívio da dor crônica, dor neuropática e fibromialgia. Sua atuação sobre receptores específicos ajuda a modular a percepção da dor, podendo ser uma alternativa mais segura aos opioides, com menor risco de dependência.
5. Neuroproteção
Pesquisas indicam que o CBD tem potencial neuroprotetor, com aplicações em doenças neurodegenerativas como Parkinson, Alzheimer e esclerose múltipla, além de ser estudado em casos de traumatismo craniano.
6. Melhora da qualidade do sono
Embora o CBD não seja sedativo, ele pode contribuir para um sono de melhor qualidade ao reduzir a ansiedade e promover relaxamento, auxiliando tanto no início quanto na manutenção do sono.
7. Apoio no tratamento da dependência química
O canabidiol vem sendo estudado como coadjuvante no tratamento da dependência de substâncias, como álcool, nicotina e opioides. Ele pode reduzir a fissura (craving) e amenizar sintomas de abstinência, além de ajudar a prevenir recaídas.
8. Efeitos antipsicóticos
Pesquisas em andamento sugerem que o CBD possui efeitos antipsicóticos leves, com potencial uso no manejo de transtornos como a esquizofrenia, apresentando menor risco de efeitos colaterais quando comparado a antipsicóticos tradicionais.
Considerações finais
Apesar das dúvidas iniciais, as evidências científicas atuais são consistentes ao afirmar que o CBD (canabidiol) não causa dependência química. Ao contrário do THC — composto psicoativo da cannabis —, o CBD não altera a percepção, não estimula os centros cerebrais ligados ao vício e não provoca sintomas de abstinência ou tolerância mesmo quando utilizado de forma contínua.
Esse perfil de segurança foi reconhecido publicamente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomendou que o CBD não seja classificado como substância controlada e destacou seu potencial terapêutico, especialmente no tratamento de epilepsias de difícil controle.
Além disso, o CBD tem se mostrado promissor não apenas por não causar vício, mas também como um possível aliado no tratamento da dependência de outras substâncias, ajudando a reduzir a fissura, controlar sintomas de abstinência e prevenir recaídas.
Porém, é fundamental que o uso do canabidiol seja sempre acompanhado por um profissional de saúde, que poderá avaliar as indicações, contraindicações e ajustar a dose de acordo com o perfil e as necessidades individuais do paciente.

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