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23/05/2025
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7 min de leitura
CBDCBD

Hepatites virais e CBD: potencial terapêutico da cannabis para o fígado

De acordo com o Relatório Global de Hepatite 2024, divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os índices de diagnóstico e tratamento seguem alarmantemente baixos. Apenas 36% das pessoas com hepatite C foram diagnosticadas, e somente 20% têm acesso ao tratamento curativo.

Esses números revelam um cenário preocupante: a hepatite viral ainda é subnotificada e negligenciada em grande parte do mundo. Milhões de pessoas convivem com a doença sem saber, o que favorece a transmissão contínua e compromete os esforços de controle e erradicação.

Mas, afinal, o que é hepatite e por que ela representa um desafio tão grande para a saúde pública?

Médico utilizando uma caneta para indicar partes específicas de um modelo tridimensional do fígado humano.
  • Hepatite é uma inflamação do fígado, causada por vírus (A, B, C, D e E), abuso de substâncias, condições autoimunes ou outras doenças. A maioria das formas virais tem transmissão específica e consequências que variam de infecções leves a quadros graves, como cirrose e câncer hepático.
  • A dificuldade em diagnosticar precocemente e a falta de acesso a exames e tratamentos tornam as hepatites um problema de saúde pública global. Muitos vivem com a doença sem saber, o que agrava o quadro.
  • Estudos laboratoriais mostraram que o CBD pode inibir a replicação do vírus da hepatite C, mas não teve efeito contra o vírus da hepatite B. Em casos de hepatite autoimune, pacientes relataram melhora em sintomas como dor e fadiga com o uso de CBD.
  • O CBD ajuda a reduzir a inflamação, proteger as células hepáticas contra o estresse oxidativo, inibir a replicação do HCV e modular o sistema imunológico de forma mais equilibrada que medicamentos tradicionais.

Entendendo o que é hepatite

A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ter diversas causas — desde infecções virais (como os vírus das hepatites A, B, C, D e E), até fatores como o uso abusivo de álcool, medicamentos, drogas ilícitas, além de condições autoimunes, genéticas ou metabólicas, como ocorre em pessoas que vivem com HIV/AIDS.

Infográfico o que é Hepatite

Conheça os tipos de hepatite viral

Existem cinco tipos principais: hepatites A, B, C, D e E. Cada uma possui vírus específicos, formas distintas de transmissão, sintomas e abordagens terapêuticas variadas. Algumas são autolimitadas, enquanto outras podem evoluir para complicações graves, como cirrose hepática e câncer de fígado.

  • Hepatite A: transmitida principalmente por alimentos e água contaminados, além do contato direto com pessoas infectadas. Geralmente tem evolução benigna e cura espontânea, sem deixar sequelas.

  • Hepatite B: é transmitida por contato com sangue, relações sexuais desprotegidas e de mãe para filho durante a gestação ou parto. Pode evoluir para formas crônicas e graves, como cirrose e câncer hepático.

  • Hepatite C: sua principal forma de transmissão é por contato com sangue contaminado, especialmente em transfusões antigas ou uso compartilhado de objetos cortantes.

  • Hepatite D: também conhecida como delta, só ocorre em pessoas já infectadas pelo vírus da hepatite B, pois depende dele para se multiplicar. Está mais presente na região Amazônica, África e partes da Ásia.

  • Hepatite E: transmitida por via fecal-oral, como a hepatite A, é mais comum em países da Ásia, África e América Central, com condições sanitárias precárias. Costuma ser autolimitada, mas pode ser perigosa durante a gravidez.

Por que as hepatites são um desafio global de saúde?

As hepatites virais frequentemente não apresentam sintomas por anos, tornando o diagnóstico tardio comum. Isso aumenta significativamente o risco de complicações graves.

A falta de acesso a testes diagnósticos e tratamentos adequados agrava ainda mais essa situação, especialmente em países com sistemas de saúde precários.

Posso ter hepatite e não saber?

Infelizmente, sim. Segundo dados do Ministério da Saúde, muitos brasileiros convivem com hepatite B ou C sem saber. Como os sintomas costumam demorar a aparecer, é essencial realizar testes regulares — principalmente entre pessoas que pertencem a grupos com maior risco de exposição.

Diante desse cenário, cresce o interesse por terapias complementares que possam apoiar o tratamento e proteger o fígado — e é justamente nesse contexto que o canabidiol (CBD) vem despertando atenção.

O que é o canabidiol (CBD)?

O canabidiol (CBD) é um dos principais compostos presentes na planta Cannabis sativa. Diferentemente do THC (tetrahidrocanabinol), o CBD não causa efeitos psicoativos, como euforia ou dependência.

Seu potencial terapêutico vem sendo investigado em diversas áreas médicas devido a suas propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e imunomoduladoras.

Como o CBD age no organismo?

O canabidiol (CBD) age principalmente por meio do sistema endocanabinoide, um conjunto de receptores presentes em todo o corpo que ajuda a manter o equilíbrio interno — também chamado de homeostase. Esse sistema regula diversas funções importantes, como a resposta imunológica, os processos inflamatórios, o sono, o humor e a sensação de dor.

Além disso, o CBD também se conecta a outros tipos de receptores, como os de serotonina (relacionados ao bem-estar e à ansiedade), adenosina (envolvidos na regulação do sono e da inflamação) e vaniloides (ligados à dor). Essa ação ampla ajuda a explicar por que o CBD tem sido estudado para tantas aplicações terapêuticas.

Cannabis medicinal no tratamento das hepatites virais: o que dizem os estudos?

Estudos científicos recentes demonstram o potencial terapêutico do CBD no tratamento de doenças hepáticas. Um estudo intitulado“Potential of Cannabidiol for the Treatment of Viral Hepatitis” investigou, em ambiente laboratorial, os efeitos do canabidiol (CBD) sobre os vírus da hepatite C (HCV) e da hepatite B (HBV).

Os resultados demonstraram que o CBD possui atividade antiviral significativa contra o HCV, inibindo sua replicação em 86,4% a uma concentração de 10 μM. O valor de EC₅₀ — concentração eficaz para reduzir a replicação viral em 50% — foi de 3,163 μM, indicando uma potente ação antiviral. Por outro lado, o CBD não apresentou efeito inibitório sobre o HBV nas mesmas condições experimentais.

Esses achados apontam o CBD como um candidato promissor no desenvolvimento de terapias para hepatite C, embora mais estudos sejam necessários para validar sua eficácia em humanos.

Já em relação à hepatite autoimune, outro estudo relevante — “Cannabidiol (CBD) Consumption and Perceived Impact on Extrahepatic Symptoms in Patients with Autoimmune Hepatitis”, publicado na revista Digestive Diseases and Sciences ,avaliou o uso de CBD por pacientes que convivem com essa condição.

Os resultados mostraram que 25% dos participantes já haviam utilizado CBD, relatando melhoras significativas em sintomas extra-hepáticos, como dor, distúrbios do sono e fadiga.

Essas evidências reforçam o potencial anti-inflamatório e imunomodulador do CBD, sugerindo benefícios terapêuticos tanto em hepatites virais quanto autoimunes.

No entanto, é fundamental destacar que esses resultados ainda são preliminares. São necessárias mais pesquisas clínicas, com rigor metodológico, para confirmar esses efeitos e definir protocolos seguros de uso.

Como o CBD pode beneficiar pacientes com hepatite?

1.Efeito anti-inflamatório do CBD no fígado

O CBD atua reduzindo a inflamação crônica presente em doenças hepáticas, diminuindo a liberação de citocinas pró-inflamatórias como TNF-α, IL-1β e IL-6. Esse controle ajuda a prevenir a progressão para quadros mais graves, como fibrose e cirrose hepática.

2.Atividade antioxidante do CBD nas células hepáticas

O estresse oxidativo é um fator crítico na evolução das hepatites virais e autoimunes. O CBD protege as células do fígado contra esses danos oxidativos, auxiliando na manutenção da integridade celular hepática.

3.Potencial antiviral do CBD contra a hepatite C

Pesquisas laboratoriais indicam que o CBD pode reduzir significativamente a replicação do vírus da hepatite C (HCV). Embora esses resultados sejam preliminares, eles abrem espaço para futuras terapias complementares antivirais baseadas no CBD.

4.Ação imunomoduladora do CBD em hepatites autoimunes

O CBD possui propriedades imunomoduladoras, ajudando a reequilibrar o sistema imunológico em casos de hepatite autoimune. Ao contrário dos imunossupressores tradicionais, como corticoides, o CBD promove um ajuste mais suave e equilibrado da resposta imunológica, minimizando efeitos adversos.

Quem tem doença no fígado pode usar CBD com segurança?

O canabidiol (CBD) pode oferecer benefícios relevantes para pessoas com doenças hepáticas, mas seu uso requer atenção. Como o fígado é o principal órgão responsável por metabolizar substâncias no organismo, pacientes com comprometimento hepático tendem a processar o CBD de forma mais lenta. Isso pode levar ao acúmulo da substância no corpo e aumentar o risco de efeitos colaterais.

Interação do CBD com medicamentos para o fígado

Além disso, como o Canabidiol também é metabolizado pelo fígado, ele pode interferir na ação de medicamentos utilizados no tratamento das hepatites, como antivirais e imunossupressores. Essas interações podem reduzir a eficácia dos tratamentos ou intensificar seus efeitos adversos.

Por esse motivo, o uso do CBD em pacientes com doenças hepáticas deve ser sempre avaliado e acompanhado por profissionais de saúde. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar as doses dos medicamentos ou intensificar o monitoramento clínico para garantir um tratamento seguro e eficaz.

Considerações finais

Embora os estudos ainda estejam em fase inicial, as evidências disponíveis indicam que o canabidiol (CBD) possui propriedades promissoras no contexto das hepatites virais e autoimunes — incluindo ações anti-inflamatórias, antioxidantes, imunomoduladoras e, em alguns casos, antivirais.

No entanto, seu uso em pacientes com doenças hepáticas exige cautela. À medida que a ciência avança, espera-se que novos estudos tragam mais clareza sobre a eficácia e segurança do CBD no tratamento das hepatites. Enquanto isso, é fundamental manter o acompanhamento médico, realizar exames regulares e seguir o tratamento prescrito — considerando, quando for o caso, o uso complementar do CBD de forma responsável e monitorada.

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